Outro dia uma amiga chegou pra mim e falou que estava precisando fazer arte. Teatro, mais precisamente. Dissera que fora uma dica de um professor universitário. E me perguntou se seria bom. Ao que respondi que seria ótimo, desde que ela buscasse encontrar-se nessa ação. E acrescentei ainda que a arte salva.
Essa breve conversa ficou na minha mente por vários dias. E tudo porque sempre achei que a arte é o grande instrumento de redenção humana. Explico. É que observando a nossa condição, o que vemos – no passado e no presente – é um jogo de poder entre classes e seitas diferentes e, em certos países, até de uma raça contra a outra.
Tudo porque essa civilização, em sua maioria, há muito perdeu o foco (ou será que o já teve?) do que devemos buscar nesse planeta. E aqui entra a arte. Seja qual for: teatro, dança, literatura, música, artes plásticas e visuais ou artesanato, ela possui a inexplicável força de nos tornar melhores para com os outros e para conosco mesmos. Se olharmos à nossa volta perceberemos que as pessoas mais bem resolvidas, ou seja, sem ranços e quase felizes, são aquelas que estão ligadas à arte.
Por mais que galguemos postos profissionais no meio social, sempre ficará faltando algo. E esse ‘algo’ nada mais é do que a ausência da arte. Por isso, feliz daquele que já encontrou o seu fazer artístico, mesmo que seja sob a forma de passatempo. O que não deixa de ser um tipo de arte, além de ser também uma terapia. E aqui está a palavra-chave dessa proposta: só ela, a arte, pode nos oferecer uma gostosa e necessária terapia.
Claro que a luta para se conseguir um lugar ao sol não é fácil. Por isso vemos tantos jovens que engatinham numa área artística e logo a seguir desistem. Parte, por serem sugados pelos apelos sociais – busca de status, posse de uma mansão, de um carro de luxo, entre outros – parte pela grande dificuldade que é a trilha do fazer artístico.
Ainda mais quando, nesse trajeto, o objetivo inicial e verdadeiro da arte vai ficando para trás, ou seja, o fazer artístico acaba virando um objeto ou serviço de valor apenas mercadológico. Aí resta o escape pelas drogas ou outras fugas, como a insana corrida pelo poder, pela posse de bens ou o mergulho na religião. Porque, como já foi dito, ‘quanto mais vazia a vida, mais ela pesa sobre nós’. Ou seja, essas pessoas loucas pelo dinheiro e pelo poder, em geral, são vazias por dentro. Por isso a necessidade de posses e títulos como a única forma de distinção entre os seus.
Tudo isso para nos lembrar o quanto a arte é imprescindível para nós. E que, sim, ela nos salva. Ao menos, de nós mesmos. Porque a pessoa que procura a arte na vida acaba geralmente encontrando a (sua) vida na arte.
Obs: Texto retirado do livro do autor: Surtos & Sustos
Imagem enviada pelo autor.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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