Djanira Silva 13 de setembro de 2011
          Para pensar, é preciso acordar. Então, acordo e penso. Pensamento louco, desgovernado. Leva-me para longe. Diz-me que estou perto. Não sei de quê.
          Durmo para calar a loucura. O sonho sem governo é mais coerente. É dono da alma, faz o que quer. Embora exista por si mesmo não deixa rastros. Não precisa de comando nem de rédeas para faze-lo ir e voltar. Não me faz sofrer, nem me perturba.
          O pensamento alerta é confuso, é um peso, um castigo. Quando pensamos ser livres, ele está no comando. Não se pode pensar sempre as mesmas coisas, com os mesmos sons, as mesmas cores, jogo de luz e sombra.
          Não sabendo, prefiro tentar. Tentar o que é para ver. Sentir o que é para sentir. Os limites do mundo não vão além de mim. Também não os queria maiores. Seria eu o mundo. Não sei bem onde começa a vida. Quando me vejo sei que sou o desdobramento de um ser que já foi perspectiva. Mas, de quê? Amargo a falta de respostas.
          Continuo a pensar e o pensamento raramente me ajuda.
          Nas pedras, amo as cinzas dos vulcões. Vida parada, vida esperando sem ressurreição. Pensamento obscuro de almas estilhaçadas. Cenário perfeito para a curiosidade do homem, curiosidade que pergunta o que não quer saber. O pensamento dispara, fere o espírito das coisas. É impiedoso na palavra cruel.
          Então, a loucura manda, reina. Sombras que poderiam ser árvores, pedras são apenas sonhos. O riso do riacho atravessa a floresta. O homem confunde-se com o nada.
          Quero ficar invisível. Fingir que não existo. Não posso guardar um silêncio e uma dor de quem não sabe pensar.
Obs: Texto retirado do livro da autora – A Morte Cega –
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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