Djanira Silva 20 de setembro de 2011
          Os assaltos estão obrigando as pessoas a tomarem certas precauções, inclusive andarem armadas.
          Uma amiga me contou que não tendo coragem de usar uma arma de verdade, comprou um revólver de brinquedo. Talvez ela não saiba que isto é crime e dá cadeia.
           Uma tarde saiu para fazer alguns pagamentos no Banco. Tomou o ônibus e dirigiu-se ao centro da cidade.
          Sentou-se na parte de trás perto de um sujeito mal vestido e mal encarado. De repente ele fez um movimento brusco. Ela olhou para a bolsa e viu que estava aberta. Procurou a carteira. O canto mais limpo, “Meu Deus, este cara me roubou”. Não teve dúvidas, puxou o revólver de brinquedo e cruzando os braços, a mão direita por baixo do braço esquerdo, encostou a arma nas costelas do homem.
          – Dê-me a carteira, vamos, coloque na minha bolsa.
          O sujeito, de tão assustado, já não tinha cara de mau. Depois da segunda ordem, e sem esboçar nenhuma reação, jogou a carteira dentro da bolsa. Minha amiga, mais que depressa, levantou-se e desceu na primeira parada. Estava tão nervosa que desistiu de ir ao Banco. Apanhou um táxi e voltou para casa.
          Quando abriu a porta deu de cara com a empregada.
          – Eu sabia que a senhora ia voltar, fiquei foi aperreada quando vi que tinha esquecido a carteira em cima da cama.
          – Maria, pelo amor de Deus, acabei de cometer um assalto.
Obs: Texto retirado do livro da autora – A Maldição do Serviço Doméstico e outras Maldições.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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