13 de setembro de 2011
“Esta es La juventud del Papa!” – foi o brado corajoso, diante de ataques e incompreensões de alguns de “los indignados” – como eles se chamavam – que reboou pelas ruas de Madri, capital da Espanha, de 16 a 22 de agosto último. Cerca de dois milhões de jovens, generosos e fortes, vindos de 193 países – entre os quais, uns 16 mil brasileiros – acompanhados de cerca de 800 bispos e alguns milhares de padres, atenderam à convocação da Igreja para essa 26ª Jornada Mundial da Juventude.
Foi realmente espetáculo maravilhoso de fé e amor à Igreja, que os jovens ofereceram ao mundo e, sobretudo, à Europa paganizada de hoje. Distribuídos pelos vários grupos linguísticos, começavam o dia com uma catequese, dada por algum bispo e, em seguida, o santo sacrifício da Eucaristia. Duzentos sacerdotes revezavam-se o dia todo, das 9 às 17 horas, atendendo às confissões dos jovens nos vários idiomas. Respeitando a programação básica, havia outras promoções, como celebrações particulares de grupos e nações, e oportunidades de visitas culturais na capital espanhola, como o Museu do Prado, que ofereceu uma mostra especial de Caravaggio com o célebre quadro “A descida da Cruz”. Stands vocacionais apresentavam várias propostas de vida consagrada, com destaque para as novas comunidades.
Na manhã da 6ª feira, dia 18, mais de um milhão de jovens estavam reunidos na Praça Cibeles, no coração da capital espanhola, para recepcionar o Papa Bento 16. Os espanhóis aclamavam: “Benedicto! Benedicto!”; “Papa, eu te amo” – cantavam os brasileiros; “Bento 16, você precisa saber que é o meu Papa do coração” – declarava uma canção dos norte- americanos. “Gente, é o representante de Cristo, que está passando entre nós. Nele, está o próprio Cristo, que visita a juventude do mundo” – gritou emocionada uma jovem brasileira. E toda a multidão juvenil cantava: “O Papa está aqui – Deus está conosco.” À noite daquela sexta-feira, na mesma praça Cibeles: momento de oração e meditação das estações da Via Sacra. O Sumo Pontífice recordou o sofrimento dos jovens, causados pela guerra, por perseguições à fé cristã, pela marginalidade e pela droga.
Sábado, à noite, foi a grande vigília da adoração eucarística. O absoluto silêncio, a piedade, cheia de fé eucarística, daqueles dois milhões de representantes da juventude mundial impressionou profundamente bispos, sacerdotes e leigos adultos ali presentes. A chuva e o vento fortíssimo não permitiram que Bento 16 lesse todo o discurso que havia preparado. Com as vestes molhadas, resistindo aos cerimoniários que queriam que ele saísse, só pôde dizer aos jovens: “Obrigado por sua alegria e persistência. Sua fé é maior que a chuva. O Senhor com a chuva nos envia muitas bênçãos. Também nisso, vocês são exemplo. ”No discurso dizia: “Queridos jovens, para descobrir e seguir fielmente a forma de vida a que o Senhor chama cada um de vós, é indispensável permanecer no seu amor. Sim, queridos amigos, Deus nos ama. Essa é a grande verdade que dá sentido à nossa vida e a tudo mais.”
Um papa teólogo, comovido até quase às lágrimas (como depois confessou), presidiu a piedosa celebração eucarística de encerramento no domingo, dirigindo sua palavra paterna à juventude de todo o mundo que ali estava. Dentre tantas coisas bonitas que disse o Pai da cristandade, que ama particularmente os filhos jovens, destaco: “ Respondei a Jesus com generosidade e coragem, como convém a um coração jovem como o vosso: “Jesus, eu sei que tu és o Filho de Deus que deu a vida por mim. Quero seguir-te fielmente. Tu me conheces e me amas. Eu confio em ti e coloco nas tuas mãos minha vida inteira. Quero que sejas a força que me sustenta, a alegria que nunca me abandona.” E ainda: “Peço-vos, queridos amigos, que ameis a Igreja que vos gerou na fé, que vos ajudou a conhecer melhor Cristo, que vos fez descobrir a beleza de seu amor.”
Na tarde do domingo, a grande festa brasileira de regozijo pela escolha do Rio para a próxima Jornada da Juventude, foi perturbada pelo violento temporal, que inclusive destruiu o painel que reproduzia a estátua do Cristo Redentor e fez os bispos brasileiros abandonarem o palanque, que depois veio a ruir.
Dias de fé, dias de amor a Cristo, dias de corajoso testemunho juvenil de amor à Igreja e ao Santo Padre – é o resumo da 26ª Jornada Mundial da Juventude em Madri.
(*) É arcebispo emérito de Maceió.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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