Praticamente todo o bairro da Aldeia da cidade era um sítio arqueológico que foi encoberto por prédios e residências, além do asfalto. Ali viveram secularmente os povos pré-colombianos. Por falta de consciência e por falta de um órgão orientador, quase todo aquele patrimônio foi prejudicado. A área que ainda pode revelar essa história arqueológica está ao redor do porto das Docas do Pará. A arqueóloga Ana Roosevelt, que faz pesquisa naquela área desde 1991, diante das descobertas já feitas, propõe que seja declarada área de proteção ambiental, um museu arqueológico a céu aberto, sem retirada das relíquias, ali existentes. Agora chegou a Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA e convoca o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional, IPHAN para salvamento arqueológico no Campus Tapajós. O título do projeto é uma joia: “ gerenciamento do patrimônio arqueológico: prospecção e resgate na área de influência direta de construção de diversas estruturas no Campus da UFOPA!! Lindo projeto, mas já quase sem sentido porque pouco resta a ser protegido. Primeiro, porque a UFOPA nem deveria ter se instalado na área, caso seus dirigentes tivessem consciência histórica e zelo pelo patrimônio arqueológico. Contra o bom senso, a direção da UFOPA, recém instalada no pequeno campus da UFRA, deveria saber que ali era um sítio arqueológico, já pesquisado pela doutora Ana Roosevelt, mesmo assim construiu vários prédios, além dos que já existiam. Cimentou parte do sítio, só agora convoca o IPHAN para fazer prospecção e resgate do que resta. Além disso os técnicos do IPHAN não pensam em conservar o sítio, como museu a céu aberto, mas liberar as áreas restantes para novas construções, após retirar as peças encontradas e colocá-las em vitrines de museu. Estranha forma de cultivar cultura e história numa universidade que se diz amazônica. As culturas pre colombianas foram exterminadas em genocídios diversos e agora, suas relíquias são cobertas por cimento e tijólos. E as autoridades não reagem, aceitam passivamente a destruição do sítio arqueológico por quem deveria preservá-lo, a Universidade Federal. E a sociedade civil simplesmente ignora seus ancestrais e suas relíquias. Uma Pena
* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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