Quatro grandes mestres do Direito Canônico uniram-se para escrever sob o título “PADRES CASADOS?” um livro de apenas 144 páginas, respondendo de forma simples, concisa e bem documentada a trinta perguntas sobre as razões de a Igreja latina manter o celibato clerical como exigência para seus sacerdotes. São eles: Artur Cattaneo, canonista e teólogo de Veneza, o editor que se valeu de três doutores de Lugano (Suíça): André-Marie Jerumanis (médico e docente de teologia moral), Manfred Hauke (teólogo e docente de patrologia), Ernest Volonté (reitor do Seminário e docente de teologia do matrimônio). Também o arcebispo emérito de Olinda e Recife, Dom José Cardoso, já escrevera, quando nosso arcebispo metropolitano, uma obra em versão portuguesa e inglesa, respondendo a 41 perguntas sobre o celibato sacerdotal.
          O tema do celibato foi e continua sendo muito debatido – afirma L´Osservatore Romano – noticiando esta obra dos teólogos suíços. Diria eu: apesar de todos os estudos e pronunciamentos da Igreja a esse respeito. Objeta-se que não é um dogma, é uma norma disciplinar introduzida pelo concílio de Elvira, ns Espanha, pelos anos 300-303 e depois difundida para toda a Igreja e que hoje não combina mais com a mentalidade moderna. Diz-se ainda: é algo contra a natureza e, portanto, prejudicial ao equilíbrio psico-físico da pessoa; há uma crescente escassez de sacerdotes e um grande número de padres que abandonam o ministério para casar-se e, finalmente, como argumento mais atual, o escândalo dos abusos sexuais contra menores.
          Nada disso tem alterado o ensinamento constante da Igreja, repetido pelos últimos Papas. Paulo VI escreveu encíclica especial sobre o tema, a “Sacerdotalis coelibatus”, em que afirma que este coro de objeções parece sufocar a voz secular e solene dos pastores da Igreja mas responde: ”Esta voz é ainda forte e serena. Não vem do passado, vem do presente também”. Pio XI escreveu “Ad catholici sacerdotii”; Pio XII “Menti nostrae” e “Sacra Virginitas”; o Beato João Paulo II, em inúmeras oportunidades, repetiu a doutrina imutável da Igreja neste ponto, sobretudo aos seminaristas em Brasília(15/10/1991), na sua 1ª Carta aos Presbíteros na Quinta-feira Santa de 1970 e sobretudo, na Exortação Apostólica “Pastores dabo vobis” (“Eu vos darei pastores”). O mesmo vem fazendo Bento XVI em seus encontros com os seminaristas e sacerdotes de Roma. O problema é que todas as críticas à lei do celibato vêem o Padre apenas como alguém que anima uma comunidade, um grupo de fiéis, preside celebrações religiosas e dá uns conselhos espirituais, tipo take away. A razão profunda e única verdadeira do celibato é a configuração do sacerdote com Cristo Jesus, Cabeça e Esposo da Igreja. Ela como esposa quer ser amada de modo total e exclusiva, como Cristo a amou e se entregou por ela. O sacerdote autêntico e sincero vive seu celibato não como algo negativo – uma renúncia difícil – mas sim uma escolha livre de amor, um convite de Deus para seguir o Cristo e doar-se como <>. Essa profunda razão teológica não é atingida nem pela carência de sacerdotes (“facilitar para entrar muita gente”), nem pelas falências vocacionais nem, menos ainda, pelo comportamento deplorável e intolerável de alguns poucos padres, que nada têm a ver com o celibato.
          O ideal do celibato vive também no mundo ortodoxo e entre os católicos orientais, que tanto apreciam a vida monástica e escolhem seus bispos somente entre os padres celibatários.
          “Que este livro contribua para tornar o celibato sacerdotal cada vez mais estimado como dom precioso do Espírito que renova e santifica a Igreja de Cristo” – conclui o cardeal da Hungria em seu artigo do L`Osservatore Romano.”
(*) É arcebispo emérito de Maceió.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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