O Congresso do Paraguai nunca esteve disposto a aprovar a entrada da Venezuela no Mercosul como membro pleno enquanto Hugo Chávez estiver na presidência. A posição foi confirmada pelo presidente do parlamento paraguaio, senador Miguel Carrizosa, do partido opositor Pátria Querida. O senador assegurou que o problema não é a Venezuela e sim Hugo Chávez.
Após a aprovação do Congresso brasileiro, no ano passado, o Paraguai é o único país do Mercosul que ainda não deu sinal verde à incorporação da Venezuela ao bloco como membro pleno. Na visão do Parlamento paraguaio, não é conveniente aceitar um país cujo presidente reduziu a democracia a sua dimensão pessoal, defendendo a reeleição indefinida, a clausura de meios de comunicação, a ingerência em assuntos internos de outros países e a aliança com o Irã, representando um grande risco para o Mercosul.
Desde o ano passado, o Senado do Paraguai sequer voltou a discutir a entrada da Venezuela no Mercosul. O governo do presidente Fernando Lugo retirou o pedido do Parlamento para evitar uma derrota no Senado. Dos 45 senadores paraguaios, apenas 17 se manifestaram a favor da incorporação plena do país ao Mercosul na última votação. É importante notar que esse veto parcial advém exclusivamente do Congresso. O Governo, que tem tendências de esquerda, pressiona os senadores pela aprovação da Venezuela. Interessante que o, no Paraguai, o Executivo não tem grandes dificuldades de governabilidade. Mas essa pauta provocou uma ruptura entre Executivo e Legislativo, inclusive com alguns aliados.
Essa atitude do Congresso paraguaio é admirável. Uma demonstração de responsabilidade supranacional. Muito diferente da política adotada pelo Brasil. Um país que não reconhecia o Estado de Honduras, em favor da democracia, no entanto aprova Hugo Chaves e recebe Mahmoud Ahmadinejad. Não convém ao Mercosul incorporar plenamente a Venezuela, porque Chávez iria tentar transformar um projeto econômico em político. O presidente tentaria controlar o bloco política e ideologicamente. Quem diria?! A política paraguaia nos ensinando o que é divisão de poderes e o significado de responsividade.
Mas parece que o ímpeto do novo ministro da defesa, Celso Amorim, é canalizado em prol do governo chavista. Nas suas primeiras declarações, Amorim já sinaliza forte interesse em convidar a Venezuela para o bloco. É o que posso chamar de miopia política. Lamentável para um quadro tão gabaritado tal posição.
Só vejo duas possibilidades para evitar um mal maior para o Mercosul: ou Chaves, em decorrência de sua saúde debilitada deixa o poder, ou o Paraguai se mantém firme em sua posição. A primeira hipótese não me agrada, pois não é interessante torcer contra a saúde de ninguém, além disso, dificilmente ele perderia influência num novo governo. Iria pairar assim como faz o companheiro Fidel, em Cuba. A segunda hipótese é a mais realista. Sendo assim, a torcida pela sanidade da política paraguaia continua. Não sei até quando os congressistas paraguaios suportam a pressão. Mas, num ministério tão rotativo como o da Defesa, espero que dure até a próxima crise na caserna brasileira e a chegada do próximo ministro.
Obs: Imagem enviada pelo autor.
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