Em plena tarde de sábado, com o friozinho que se permite fazer em território litorâneo capixaba, os jovens se reúnem para um encontro especial. Quem sabe um momento de “ritual de passagem”. Afinal, saíram do ensino médio e o momento agora é de preparação para o ingresso na faculdade. É a confraternização do Grupo que se encontrou pela força do desejo de crescimento. Pessoas que conviveram nos últimos três anos, estudando, acalentando e partilhando sonhos, elaborando projetos… projetos de vida. Há sensação de segurança no condomínio fechado aonde os jovens, ainda tão meninos e meninas, reúnem-se talvez, enquanto grupo, pela última vez. Há alegria no olhar que fala da vontade de crescer, seguir crescendo, vivendo a aventura de estar no mundo e fazer suas escolhas.
Mas, do bom encontro que se esperava acontecer, há um quê de vontade de desorganizar e o que se vê é de faltar o ar que se respira. Na festa idealizada para a confraternização, jovens, um tanto meninos e meninas – perplexos – envolvidos numa ação bestial promovida por outro jovem que bate sem ter por quê.
De repente, sem oferecer resistência, o jovem, concebido e formado para trilhar o caminho do crescimento e da felicidade, é agredido com socos no rosto por outro rapaz que simplesmente o escolheu para bater. Terá sido escolhido pelo cheiro? Ou será pela cor do cabelo? Ou será… ? Quantas interrogações permanecem no sentimento de quem foi agredido e de quem, impotente, assistiu a tudo. No saldo da festa, garrafas quebradas, objetos roubados e o jovem ali, humilhado, sentindo um quê sem sentido a arder-lhe no corpo e na alma.
Ah! O agressor não pertencia à turma de estudantes. Fora convidado por um colega. Mas isso não explica nada. Estando ali, naquele momento, protagonizando o triste espetáculo, também ele faz parte da rede de busca por respostas.
Que conta é essa que não fecha? Que prazer é esse que se tem em agredir? Será esse o único modo de se mostrar vencedor diante do grupo? Mas vencedor do quê?
Será esse o sintoma dos tempos abundantes em que se pode empanturrar de tudo o que deseja e que se tem a ilusão de se poder comprar a felicidade em todas as prateleiras de um Shopping? Será essa uma amostra do sintoma que destroça a alma e nos faz viver como seres sem sentido?
Obs: Imagem enviada pela autora.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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