Neste final de semana a Diocese de Jales se encontra em clima de missão. Volta seu olhar para as comunidades de Populina, Turmalina, Mesópolis, Fátima Paulista e Povoado do Sol. Missionários vindos de outras paróquias, junto com o Bispo e outros padres e irmãs, se propõem entrar em contato com todas as instituições desses municípios, e visitar todas as famílias.
     E´ o “momento missionário”, que já faz parte da tradição da Diocese, cada ano em comunidades diferentes, com a intenção de marcar presença, valorizar as pessoas, escutar o que elas têm a dizer, e partilhar com elas a experiência evangélica do convívio fraterno e da acolhida em nome do Senhor.
     O clima de confiança, que a missão proporciona, e possibilita viver com especial intensidade durante alguns dias, na verdade revela uma dimensão que deveria ser permanente. A missão é a razão de ser da própria Igreja. Ela foi pensada por Cristo para levar em frente a missão, que empenhou por inteiro toda a sua vida, e que ele confiava à Igreja para que a continuasse até o fim dos tempos.
     O próprio Cristo viveu em função da missão que o Pai lhe tinha confiado. Ele próprio educou seus discípulos para que levassem em frente a sua missão.
     Foi a missão que definiu a vida de Cristo. E´ a missão que define sua Igreja. Na verdade, é a missão que define a vida de cada um de nós. E´ a maneira mais salutar de assumir nossa identidade. Não vivemos para nós próprios, estamos neste mundo para cumprir uma missão.
     A missão proporciona a manifestação do próprio Evangelho. Ela nos leva a sair de nós próprios e ir ao encontro do outro. Possibilita que nos sintamos enviados por Cristo. E nos proporciona a experiência da gratuidade, que afinal de contas é a dimensão mais profunda da própria existência humana.
     A partir da missão, a Igreja pode definir sua identidade. Isto tem um peso eclesial muito grande. Na medida em que a Igreja se volta para a missão que Cristo lhe confiou, ela relativiza seus problemas internos. Se a missão é um compromisso para a Igreja – “ai de mim se não evangelizar” – ao mesmo tempo ela se torna um alívio. Pois a missão nos garante o cumprimento da vontade de Cristo, conforme sua solene promessa: “estarei com vocês todos os dias, até o fim dos tempos”.
     Quando Jesus escolheu seus discípulos, fez questão de chamá-los de “apóstolos”, isto é, “missionários”, ou em nossa linguagem profana: “enviados”.
     Não foi por nada que o Cristo os marcou logo com este nome. Assim, conferiu a eles uma identidade, a partir da missão que lhes estava confiando. Ao enviá-los, fez questão de adverti-los para não se complicarem com aparatos humanos, pedindo para que não levassem nem bolsa, nem dinheiro, nem duas túnicas.
     Quanto menos seguranças humanas, mas os “enviados” deixam espaço para a ação de Deus.
     E´ por isto que a experiência de momentos mais intensos de missão, como este que a Diocese proporciona neste final de semana, são muito pedagógicos e salutares, num tempo de forte crise de identidade, que atinge pessoas e instituições, e que coloca em questão a própria Igreja. Se nos dedicamos ao cumprimento da missão, os outros problemas ficam relativizados.
     A missão nos reeduca, para vivermos nossa fé com maturidade, e reencontrar nossa verdadeira identidade eclesial. Como os “apóstolos”, também somos chamados a descobrir que Deus nos confia a missão de levar a todos sua mensagem de salvação.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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