Djanira Silva 5 de junho de 2011

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          Sempre que o sol se põe fico assim, escura, triste, livre e só. A liberdade me assusta. Tenho medo de não saber completa-la com as minhas fraquezas, vive-la com os desejos mais simples de ser, neste espaço que ainda não encontrei, ela é o meu lado indeciso. O anoitecer deixa-me escura como a noite. Perco-me em indagações, sinto-me diante da morte, da passagem para o outro lado, o lado para onde vou sempre que adormeço. Lá não me pertenço. Todas as manhãs o despertar me violenta. Abro os olhos como quem ressuscita. Defendo-me contra a vida, contra os mistérios das horas paradas e esquecidas no sono. Essa ressurreição dói e cada noite morro novamente para viver o sonho. Não quero o perdão dos meus pecados nem o encontro com o passado. Quando acordo não sei de onde venho, quando durmo não sei para onde vou. Busco nos abismos do pensamento, imagens destorcidas. São meus pesadelos. Os sonhos me encontram perdida de mim e roubam-me o real, o visível. Inventam história que nunca escrevi nem escreverei. Durmo nas noites frias, acordo nas noites quentes, nas manhãs sem cor, enquanto os dias passam sem que possa tê-los por inteiro na minha história.
          A cada manhã sou uma estranha cheia de indagações. Faço perguntas que ficam sem respostas. Eu mesma sou uma pergunta feita ao anoitecer esperando respostas a cada manhã. Dia após dia, noite após noite procuro ser solução.
          Tento escrever. Quem sabe consiga desvendar mistérios, encontrar respostas. Esbarro nas interrogações. As linhas onde escrevo são paralelas. As palavras nunca se encontram. Tenho medo das respostas, da metamorfose dos meus pensamentos.
Obs: Texto retirado do livro da autora – A Morte Cega
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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