Malu Nogueira 12 de junho de 2011

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No olhar compenetrado, o enigma não se revela.
Na contemplação singular do peixe capitulado
As gotas da chuva se confundem com as lágrimas
Que descem rosto abaixo
E se perdem na água que escorre e some para o rio.
Na cova da santa, o rosto compungido
Retrata a verdade dos segredos escondidos
Na selva de pedra que não respeita
Sentimentos nem fraternidade.
Então indago:
Meca, vens cá!
Estais com medo?
E Meca nem olhou para quem o chamava.
Correu até onde suas pernas agüentaram.
Furou o mundo e não olhou para trás.
Não quis saber de quem fincava raízes,
Nem de quem escondia a verdade,
Meca optara em sepultar suas lembranças,
Mas, numa das giradas da vida,
Girou sobre si mesmo, recolhendo sua tristeza,
No pensamento, o lugar da sua meninice,
Aonde seu coração chegou a ouvir uma voz que lhe chamava,
Como a lamentar a solidão das ruas que outrora pisara
Um vento frio arrepia sua pele,
Lágrimas confundirem-se com a chuva
Que molha seu coração,
Lava sua alma,
Resgata sua história,
De contos de ninar, de chupeta e carrapeta,
Da palmada da mãe, do irmão travesso,
Içar suas próprias emoções,
Inventadas na solidão da sua mente,
Que tentou soterrar o tempo,
Guardião de sua estirpe sertaneja
De terra barrenta e preás,
De cana de açúcar e acácias de cheiro
De Jerimum, coentro e feijão de corda,
De cedro e manjericão
Dos recantos de sua vida,
Vividos na coruja vigilante
De corisco e Aparício,
De Siqueira e Virgínio,
De Lopes e sua gente,
De tudo que vem de Meca,
Filho de Deus!

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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