Djanira Silva 22 de maio de 2011

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          Cheiro de terra molhada, energia de nuvens, crianças desenhadas no céu, desfeitas pelo vento, linguagem mágica de faz-de-conta que inventa histórias saídas da imaginação e do sinhô e misteriosamente lê a linguagem do mundo.
          A menina tem medo dos mistérios que estão em toda parte: na chuva, no trovão, no relâmpago que alumia as árvores, no horror das tempestades, quando as estrelas se apagam com a luz.
          A mulher assustada sentiu a mão que lhe acariciava os cabelos, os lábios que a beijavam, as sensações e o silêncio das dores do amor, dos suores, da morte, dos sorrisos de vida, das lágrimas, do nascimento, dos condenados pelo crime de nascer.
          Lá fora os barulhos da vida se multiplicam no pio da coruja, no uivo do lobo, na risada da hiena.
          Preciso voltar, fechar a porta que deixei aberta, abrir as janelas que deixei fechadas. Todos os caminhos levam na mesma direção
          O vento executa a opera que recria no tempo, as horas, enquanto a mulher abre as portas do mundo e dá à luz seres, sem lhes dar destinos.
          O artista procurou o caminho para ganhar a luta. Tocou flauta, afinou o piano, estendeu as cordas do violino. Nos olhos, a culpa, o olhar afogado. Culpado sempre de alguma coisa. Sentimentos escritos no papel em linhas retas, em linhas tortas, linhas culpadas. Sozinho sem ter a quem mostrar a criação, reza ladainhas e responsos.
          No de profundis encontra a resposta, ela está na lágrima e não no riso, o sorriso amortalha a dor do homem.

Obs: Texto retirado do Livro da autora – A Morte Cega

 

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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