Alguns devem estar estranhando: por que será que esse cara só fala sobre os homens? Será psicólogo? Ou ufólogo? Nada disso, pessoal. Apenas tenho constatado que a mulherada fala muito sobre mulheres e quando fala sobre nós – pobres coitados! – somos malhados sem dó nem piedade. Então, resolvi tentar falar um pouco desse ser tão pouco conhecido e tão criticado. Talvez analisando os costumes herdados, aliados a fatores impostos pelas mais recentes conquistas femininas, possamos chegar um pouco mais perto dessa criatura, sem ficarmos apenas no seu lado machista, chauvinista, grosseiro, dominador, agressivo, relaxado que elas fazem questão de realçar.
Nos tempos atuais sabemos que o papel masculino está em transição, se multiplicando. O papel do machão tinha seu lado confortável, mas por outro lado, obrigava o homem a engolir suas fragilidades e emoções, mostrando apenas sua face de Super-Homem. Mas responda rápido: tem coisa melhor do que chorar quando se está triste? Ou retirar das costas o peso do sustento da casa, dividindo-o com a companheira? E o compartilhamento das decisões mais importantes? É! Parece mesmo que é mais confortável viver feliz como Clark Kent.
Hoje é comum ver jovens casais dividindo a conta do restaurante, muitas vezes após ela ter escolhido o cardápio ou o vinho. Claro que ainda existem os recalcitrantes, homens incapazes de aceitar que sua acompanhante pague a conta, ou escolha o programa, o cardápio, a bebida. E muitas mulheres também! Mas esses seres jurássicos estão em extinção.
O cara durão, agressivo, que trazia o pão de cada dia para casa e jamais chorava ou mostrava qualquer tipo de sentimento está cada vez mais distante da nossa realidade. Assim como a mulher que cuida do marido, desde a roupa, até a arrumação e limpeza da casa. Com suas novas profissões e ambições, essa mulher também se encontra em extinção. E isso vem desde o século XVIII, quando e Revolução Industrial e suas máquinas facilitaram ou substituíram o trabalho humano, deixando de necessitar da força bruta masculina até a atualidade, onde o intelecto é mais reconhecido.
Essas mudanças geraram outras, com a mulher reivindicando seus direitos de igualdade como seres humanos, assumindo novos trabalhos, desta vez fora do ambiente doméstico e assumindo, cada vez mais, papel importante na manutenção familiar. Elas também se tornaram consumidoras, geraram negócios e suas opiniões se tornaram importantíssimas para o crescimento do próprio capitalismo.
Com o feminismo o homem foi obrigado a questionar seus papéis sociais e as questões geradas não têm fim. Ele precisa reaprender a relacionar-se com a nova mulher, reclassificar as importâncias do trabalho, da família e do amor em sua vida e decidir algumas questões básicas como: “homens podem trair?” – “e chorar?” – “quem troca as lâmpadas queimadas em casa?” – “quem leva o carro ao mecânico?” – “pode ganhar menos que a esposa?” – “e se estiver inseguro? O que fazer?” – “E afinal, quem paga a conta do restaurante?” Como se pode ver, não é fácil o desafio de encontrar novas respostas a essas perguntas e criar um novo modelo, ou reinventar a própria masculinidade.
É tudo tão difícil que é muito comum o casal chegar em casa após o trabalho e ele, que se julga extremamente moderno e bem resolvido, liga a TV para ver o noticiário ou os gols do jogo de futebol, deixando que ela se ocupe com o preparo do jantar. Ou então, enquanto ela se ocupa dos afazeres do lar, ele vai brincar com as crianças, para “ajudá-la”. Neste caso, a própria expressão “ajudar” pressupõe que esse trabalho não é de sua responsabilidade. E quando se separam dificilmente ele pensa na possibilidade de ficar com as crianças. Assim, as obrigações caseiras acabam sempre sobrando para as mulheres.
Obs: Imagem enviada pelo autor.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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