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Eis a principal razão do conflito em se decidir pela reforma do código florestal brasileiro. Um grupo de 600 brasileiros, que compõe o congresso nacional, se dá o direito de decidir por conta própria se salva as floresta e rios em função do bem comum, ou se permite que poucos ganhem muito dinheiro hoje sem cuidar do ambiente. Os auto assumidos oniscientes deputados e senadores decidem que desmatem as terras até as beiras dos igarapés, como já fazem hoje vários fazendeiros e plantadores de soja no planalto santareno e Belterra, ou se protegem as florestas e rios.

Em Brasília nestes dias, está uma disputa de vida e morte, entre dois grupos de políticos. De um lado, os que querem mudar as leis de uso das florestas para gerar lucro. Estão a serviço dos donos do agronegócio, especialmente soja, e fazendas de gado, entre outros produtos agrícolas de exportação para o mercado nacional e internacional. São os chamados ruralistas, como se só eles fossem produtores rurais e os produtores familiares fossem nada. Os ditos ruralistas querem ter direito de desmatar toda sua propriedade, atingindo até os igarapés e lagos e as estradas, para produzir mais e gerar mais lucro.

Do outro lado, estão os políticos que pensam no cuidado com a natureza e querem leis novas, que preservem 80% das matas de cada propriedade e que se tenha uma reserva de mata próximo a todo leito d’água, seja igarapé, lago ou rio. No meio estão os políticos que obedecem cegamente ao interesse do governo Dilma. Isto é, os aliados do governo estão divididos, uns são a favor dos ruralistas, e outros a favor de cuidar das florestas.

Como Pilatos na frente de Jesus e dos líderes Judeus, a presidência da república defende seus interesses em outra decisões a serem feitas no congresso nacional e que depende dos votos dos senadores e deputados, entre os quais a bancada ruralista. Daí que para decidir a criação do novo código florestal, querendo agradar os dois grupos, os políticos da presidência ficam negociando leis que atendam os dois lados, como se isso fosse possível. O governo se acovarda e não se decide nada. Foi adiada a votação mais uma vez.

Triste presente e futuro da sociedade e do meio ambiente num país como o Brasil, onde os políticos só pensam em seus interesses deixando que o povo, a natureza e o futuro gerações que se danem. E mais triste é a vida dos povos e das florestas na Amazônia. Nenhum político da região levantou a voz para defender a natureza e seus eleitores, pelo contrario, vários deles são latifundiários e plantadores de grãos e por isso, defendem a destruição das florestas para ampliar o agro negócio.

* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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