D. Edvaldo G. Amaral 9 de maio de 2011

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Com a profundidade e lucidez habituais, João Paulo II neste mês de maio dos seus 84 anos de idade, ao rezar na Praça de São Pedro no Vaticano, no domingo 9 de maio, a oração mariana do “Regina Coeli”, convidou os fiéis cristãos do mundo inteiro a “Redescobrir Maria como Mãe para redescobrirmo-nos como irmãos!”
Aí está: se temos todos uma Mãe, que é Maria, temos que nos sentir, temos que agir, temos que ter atitudes de irmãos. Se Maria é nossa Mãe, e é Mãe de todos, poderosos e humildes, ricos e pobres, sábios e iletrados, cristãos e não-cristãos, orientais e ocidentais, pertencentes todos à mesma raça, que é a raça humana, somos todos irmãos e como tais nos devemos comportar e agir.
Durante o mês de maio, continuou o Pontífice, o Povo de Deus sente sempre mais forte a necessidade de intensificar sua devoção a Maria, cuja presença maternal é apoio, conforto e segurança para os cristãos e para o mundo.
Desde que a jovenzinha de Nazaré pronunciou seu “fiat”, seu coração ao mesmo tempo virginal e materno, sob a ação do Espírito do Senhor, continua a obra de seu filho Jesus e vai para todos aqueles que Cristo abraçou e abraça em seu amor misericordioso e inextinguível, – ensina o mesmo João Paulo em sua primeira encíclica “Redemptor Hominis”. Se é inextinguível a misericordia de Deus para com os homens, também é “maternalmente inextinguível” o coração imaculado de sua Mãe, acrescenta o Papa na encíclica citada.
Jesus, do alto da Cruz, no momento em que se entregava ao Pai, como vítima reparadora dos pecados de toda a humanidade, ofereceu a todos os homens a espiritual maternidade de Maria, na pessoa de seu discípulo predileto, João (Cf Jo 19,26). A partir daí, gerações e gerações de cristãos invocam Maria e recorrem a ela, com amor e esperança, realizando sua profecia do “Magnificat”: “Sim! Doravante todas as gerações me proclamarão bem-aventurada” (Lucas 1, 48b). Observa o Santo Padre na citada encíclica “Redemptor Hominis”, nº 22: E a Virgem Mãe expressa essa sua maternidade em “sua singular proximidade ao homem e a todas as suas vicissitudes”.
Redescobrir Maria como nossa Mãe significa e exige, como já salientamos de início, citando o ensinamento pontifício, redescobrirmo-nos como irmãos. E como os homens do mundo de hoje precisam sentir-se irmãos uns dos outros, sem diferença de raças e de religiões! O mundo dos novos muros, o mundo dos ódios raciais, o mundo do terrorismo, o mundo das armas sofisticadas, que acrescentam miséria a miséria, destruição e morte a mais destruição e morte, espalham doenças às doenças já desvastadoras.
Se os homens do nosso tempo conhecessem a fraternidade e valorizassem mais este dom extraaordinário da paz, tão necessária à convivência humana neste planeta, sentir-se-iam muito mais facilmente filhos de Maria e, por isso mesmo, muito mais irmãos. Cristãos católicos e evangélicos seguidores da Bíblia, discípulos do Alcorão seguidores de Maomé, todos têm em Maria sua Mãe e daí, têm que se sentir irmãos, renunciando ao ódio e à violência “para abrir o coração ao perdão das ofensas recebidas e ao respeito sem reservas da dignidade de toda pessoa humana” – é ainda ensinamento do Papa Wojtyla, devoto de Maria, neste 9 de maio na Praça de São Pedro .
Em Fátima, Maria fez seu chamado à conversão. “Rezemos, diz o Papa, para que também os seres humanos de nossa época acolham o importante convite Daquela que com amor vela pela Igreja e pelo mundo.”
(*) É arcebispo emérito de Maceió.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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