Os viciados embarcam em suas estúpidas viagens,
alheios à vida, perdida entre o absurdo e o caos.
Alguns se arrastam, solitários, sob as asas dos vampiros;
outros rastejam em bandos, espectros do espanto,
embriagados, em surto de obsessão/compulsão.
Surdos e soturnos, muitos erram, vorazes, pelos cantos,
espreitando qualquer coisa entre abismo e escuridão.

Os viciados perambulam pelo mundo artificial dos deuses
e entregam suas almas ao tráfico do inferno,
imaginando ouro em pó, doces ácidos, êxtases-vertigem,
bebendo paraísos e injetando químicas quimeras
no sangue infectado de elixires, ópios e (des)ilusões.

Navegam, à deriva, pelas sombras dos instantes,
carregando pesadelos, vômitos, delírios,
culpas, clínicas, hospícios, e naufragam no vácuo do breu.
Românticos, patéticos, estranhos estrangeiros,
jogam-se, ávidos, ao êxodo e ao exílio
e à mágica da invisibilidade, última e única libertação.

Os viciados não se amam. Os viciados não vivem.
Os viciados não vão. Distantes de si e de tudo,
são levados, fantoches-fantasmas, a vagar em vão.
Suicidas, a cada dose um anjo envenenado no coração.

E morrem sem saber que a vida
é magia, viagem, divina alucinação.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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