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Fico com o olhar quase perdido
Num momento de reflexão.
Impossível não se comover
Com a agonia desse rio majestoso,
Sua água densa
Agonizando com o calor,
Seu leito é um depósito da estupidez humana.
Num instante imagino sua revolta,
Sua água pronta pra nos engolir.
Nisso vem à lembrança
Um companheiro-amigo,
Fico como que alheio ao real,
Esqueço que estou acompanhado,
Pois esta em minha boca o gosto do veneno,
Veneno da defesa é claro,
Por haverem devastado seu habitat,
Infelizmente a vítima
Foi um homem inocente,
Guerreiro do mundo,
Pronto a lutar por educação
Para nossos trabalhadores e trabalhadoras,
Homens e mulheres
Aprendendo a escrever sua história de lutas.
Nisso me desespero,
Vejo nossa saúde doente,
Nosso amigo em um leito branco,
Como se o branco não representasse a morte
Em nossos hospitais.
Peço desculpas por parecer estranho,
É que não suporto o cheiro dos antibióticos,
Não posso acreditar
Que nosso amigo
Foi vítima
De uma estrutura educacional excludente,
Mas desde já ele é um vencedor,
Preferiu os perigos do mundo
À uma vida sem compromisso social.
Seus familiares com certeza
Estão como eu,
Apreensivos,
Temerosos,
Preocupados.
Afinal é a vida de um lutador
Que acreditou
Que o seu trabalho
Mudaria esse quadro social de abandono.
Acreditou que a sua esperança
Pudesse ser o alimento
Para nosso povo cansado de sofrer.
Seja forte companheiro,
Vença o veneno da defesa,
Pois a educação
Para essa gente
É um direito maior que qualquer desafio.

(*) Professor da Rede Pública Municipal de Santarém
Graduado Pleno em Pedagogia pela UFPA

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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