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Sistemas fluviais do Oeste do Pará: potenciais e desafios, esta é uma das questões que parte da sociedade regional levanta e quer estudar nestes dias. Quais as riquezas potenciais e quais desafios? Os que querem fazer este estudo, calculam que futuramente com certeza a água será um problema.

Não se precisa esperar pelo futuro. Da forma como estamos tratando os rios, lagos e igarapés na região, não se precisa esperar pelo futuro. Já hoje está sendo um grave problema social e ambiental. Pelo menos dois motivos indicam essa gravidade.

Um, é a irresponsabilidade com que tantas pessoas poluem as fontes de água, ao mesmo tempo a falta de leis e fiscalizações de órgãos supostamente responsáveis por isso, que deveriam punir rigorosamente os criminosos que desmatam beira de igarapés, criam piscinas particulares, represando fontes de água e até fazem criação de porcos e búfalos sem preocupação com as águas. Basta dar uma olhada nos igarapés que circundam as comunidades urbanas e rurais e basta olhar a quantidade de plásticos e outras sujeiras lançadas aos rios.

O contraste é tão grande, que quando se anda pela floresta e encontra um igarapé ainda virgem, transparente se tem a imediata vontade de cair na água, banhar-se prazerosamente e beber daquela água sem receio de prejuízo. O mesmo já não se pode fazer as beiradas de rios próximos das cidades e comunidades.

Outro motivo dessa situação problemática das águas é a sanha perversa do governo brasileiro que quer a todo custo construir centenas de hidrelétricas na bacia amazônica. Quer transformar água em mercadoria, num crime hediondo contra as populações amazônicas e todo o bioma regional.

Diante de tal plano perverso, surpreende o comportamento da grande maioria dos políticos e autoridades da região que aprovam, ou se calam diante, por exemplo, do plano da Eletronorte querer construir, só na bacia do rio Tapajós, dez grandes barragens. Um exemplo de apoio irresponsável é o caso do prefeito e câmara de vereadores de Itaituba, quando receberam a oferta de um tal Zico 10 de esporte. Mas as autoridades de Aveiro, Belterra, Santarém, Trairão e demais prefeituras do Oeste do Pará, ou aplaudem ou se calam diante dos planos da Eletronorte.

O rio Tapajós está ameaçado de ser transformado em mercadoria a serviço de grande empresas, em detrimento das populações da região, numa agressão irreversível à natureza. Isso é um grave problema e poucos estão encarando esta realidade e reagindo. Por isso, os que promovem o estudo sobre os sistemas fluviais do Oeste do Pará precisam levantar este grave problema de hoje e não do futuro.

O hino na Campanha da Fraternidade está interrogando: “Nossa mãe terra geme de dor, será de parto, ou simplesmente agonia?” Ou juntos se enfrenta agora esse crime, ou será tarde amanhã.

* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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