Djanira Silva 10 de abril de 2011

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          Hoje amanheci com a alma maior do que o corpo. Faltava-me ar, sol, e chão. Parei para ouvir o mundo. Para anular a dor que me enterrava dentro de mim. No jardim tranquilo, o gorjeio dos bem-te-vis, o voo de sabiás equilibristas nos fios de alta tensão sem temer choques nem quedas enquanto eu sem poder pousar dentro de mim sofro a pressão de idéias desgovernadas
          Explode no silêncio uma angústia que me sufoca, deixando-me assim cheia de queixas. Escondo-me entre flores e frutos. Confundo-me com pétalas e folhas. Enquanto espero a lagarta virar borboleta, roubando cores para enfeitar suas asas, sou beija-flor ligeiro, abelha atarefada, aranha perigosa tecendo os caminhos onde mergulho fazendo de contas que minhas feridas são apenas cicatrizes e que os sofrimentos são apenas sorrisos abortados. Nestes dias de sol, fico presa de minhas próprias garras, sim sou isto mesmo, arma virada contra as esperanças, gosto de fel, rugas nas escrituras da vida, soluços, acordes de sonatas inspirados nas ondas do vento nos resmungos do mar. Animal feroz que se rebela contra o dono, envenenado pela peçonha das idéias enroscadas na alma, tecendo mentiras, inventando milagres para fazer o homem acreditar que é ser supremo de uma criação amortalhada e enterrada viva no ódio e na inveja.

          Antes que anoiteça, a alma agoniza soterrada sob escombros de idéias alucinadas.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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