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Enquanto o governo Dilma Russef estava apenas enfrentando os movimentos sociais e os indígenas das regiões onde a Eletronorte está impondo à força projetos hidroelétricos na Amazônia, a situação estava sob seu controle. Modificava leis ambientais, demitia funcionários públicos que discordavam de suas arbitrariedades, iludia a sociedade com promessas de desenvolvimento e outras falácias.

De repente, o panorama está mudando e complicando os planos do governo federal. As mentiras oficiais têm pernas curtas. Há poucas semanas aconteceu uma grande rebelião de trabalhadores nas obras de Jirau e uma greve total nas obras de Santo Antonio, ambas em Rondônia. Não deu mais para esconder, que os projetos hidroelétricos são desumanos, violentam o meio ambiente e visam apenas lucros. Foi preciso o governo enviar tropas da Guarda Nacional para proteger as empreiteiras e o andamento das obras.

Nestes dias mais recentes, outro vexame. A Organização dos Estados Americanos, OEA, da qual o Brasil faz parte, intimou o governo brasileiro a parar a obra de Belo Monte, no rio Xingu, até garantir a segurança e direitos dos povos indígenas do rio Xingu. O prazo é de 15 dias, para atender às demandas do organismo internacional, do qual o Brasil faz parte. Mas autoridades nacionais reagiram com arrogância de quem foi pegado na mentira e tenta abafar.

O Ministério público Federal já tinha denunciado a farsa de que os povos indígenas tinham sido respeitados. Segundo o MPF, o governo pressionado, fez alegações contraditórias: uma hora afirmou que tinha realizado as audiências com os 13 povos indígenas do Xingu; outra hora, afirmou que as audiências não eram necessárias porque a barragem não iria atingir as terras indígenas. As estas contradições os indígenas reagiram e comunicaram ao MPF que foram enganados pela Fundação Nacional do índio, a FUNAI.

A arrogância do Itamarati em querer ignorar a intimação da OEA não se sustenta. Dizer que se sente perplexo com as acusações e que elas não correspondem aos fatos estão sendo desmentidas e a imagem do Brasil sofre bastante dentro e fora do país. Caso não atenda às demandas da OEA o governo brasileiro poderá ser levado a outros tribunais internacionais. Tal situação confirma que as obras do PAC na Amazônia são muito prejudiciais às populações regionais e a serviço de grandes empresas, nacionais e estrangeiras.

* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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