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Considerada o mal do século passado, a solidão continua mantendo-se detentora desse sombrio título nesse início do Século XXI. Pois a tarefa do relacionamento humano insiste em revelar-se desafiadora e complexa para todos, sem distinção de raça, credo ou situação financeira.

Mundo estranho esse… Tanta tecnologia, tanta atividade e o ser humano ainda segue refém desse mal invisível e indiferente, mas implacável e devastador.

Parece até que nos dividimos entre aqueles que constroem pontes e os que erguem muros. E estes, assustadoramente, são sempre maioria.

Tudo pode começar na adolescência, quando não na própria infância de uma criança educada isolada de tudo e de todos, sob os caprichos estranhos – senão doentios – de pais que já desfrutam, com orgulho, de seus belos e majestosos muros sociais.

Na juventude, se alguém nos reprova – mesmo que seja para o nosso bem – não aceitamos e iniciamos a colocação do primeiro tijolo. No primeiro romance, se nos diz ‘não’ a pessoa que é, então, o ser mais espetacular do planeta e objeto do nosso desejo, lá vamos nós colocar mais um tijolo. Nos primeiros serviços no mundo adulto, se o patrão ou um superior chamam-nos à atenção, mesmo que estejamos errados, não admitimos. E dá-lhe mais um tijolo. E assim, de tijolo em tijolo, dentro de pouco tempo, eis que surge nossa imponente obra: o muro.

Esquecemos ou não queremos admitir que só crescemos de verdade através do outro. O outro que é o nosso espelho, a nossa fiel balança. Insistimos em não aceitar que a nossa medida está no próximo, principalmente no inimigo.

E assim, acabamos solitários porque construímos muros em vez de pontes. Os muros erguidos por nós contra tudo, contra todos e, o que é pior, contra nós mesmos. Nós, belos e tristes – e cada vez mais sós – arquitetos de muros.

Obs: Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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