Tudo perdido!
Gritos molhados de desespero,
correnteza carregando o suor inutilmente abraçado para alimentar a esperança que norteava o olhar empoeirado de farpas e injustiças,
corpos desfalecidos no inacreditável precipício,
lágrimas confundindo-se com a água escura levando o velho tronco onde o cansaço repousava para prosseguir na luta cotidiana…
Tudo perdido!
O pássaro acampa no poste silenciado e a mão devolve sangue no matagal inflamado de almas apodrecidas…
O passo amedrontado vela à procura de vozes e a cicatriz inicia o seu percurso de infinita dor…
Na solidão da lua deixo-me molhar na lama e esperneio para não adormecer sem o teu sorriso que transformava o mormaço em um gorjeio de regresso…
Por certo, hei de sobreviver!
Por certo hei de desbravar outras curvas e atalhos, na distância inquieta de nossos sonhos apagados pela voracidade da estupidez humana…
Por certo hei de incendiar a vida expondo as feridas abertas que desfilam na incoerência de explicações enferrujadas, gastas pelo tempo por não ter o que dizer…
02.03.2011 – 19:40h