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Por que será que o governo federal está com tanta pressa em iniciar uma meia licença ilegal de obras para a usina de Belo Monte?

Legalmente não existe meia licença e por isso, o Ministério Público Federal já interpôs mais um pedido de liminar na justiça para impeder essa violação da Constituição Nacional.

O Ministério de Minas e Energia está nervoso e quer impor o fato consumado, dando a licença para as empresas construtoras desmatarem 290 hectares de floresta para o chamado canteiro de obras. Como a dizer ao grande público que os trabalham se iniciam de qualquer jeito e depois, se ajusta com lei, paga-se multa, se houver, o fato estará consumado, a usina será construída na lei ou na marra.

Mas por trás dessa pressa arrogante pode estar um comportamento de medo, do governo federal, ou do ministro de minas e energia, seu Lobão. É que está crescendo, a cada dia a reação da sociedade contra esse desastre amazônico e planetário. Não está aumentando essa reação só nos povos do Xingu e da Amazônia, mas do Brasil e do estrangeiro.

Foram 500.000 abaixo assinados a dizer à presidenta que não se pode cometer tal absurdo em nome do PAC econômico.

Têm chegado a ela e seus ministros críticas contundentes de cientistas, pesquisadores, atingidos por outras barragens, povos indígenas, organizações populares, coordenação da Igreja Católica, através da CNBB, como também de organizações internacionais que lutam em defesa do equilíbrio climático e da mãe natureza. Tudo isso, além dos 10 processos contra a construção da usina e que aguardam decisão da justiça federal.

Há sinais de que a presidenta Dilma está acuada. De um lado, o pessoal do Ministério de Minas e Energia a serviço do grande capital das mineradoras e das empreiteiras, que apressa a licença ilegal, sem se importar com que diz a lei ambiental; também o IBAMA, responsável pelo zelo com o meio ambiente, produz decisões contraditórias e favorece a pressa de instalação. Do outro lado, a presidenta sabe que sua imagem pode ficar na história como a ditadora que impôs à sociedade brasileira de hoje e do futuro um desastre irreversível ambiental, econômico, cultural e genocida.

Assim, a tal licença meia sola pode hoje dar início à limpeza do terreno, ou pode não, já que o juiz federal deve dar uma sentença ao pedido de liminar do MPF ainda hoje; assim se for iniciada nesta manhã poderá ser paralisada logo mais. As pressões se avolumam contra o plano da construção. Dentro em pouco se saberá se vence o Lobo, ou se ele está blefando e se vencerá o cordeiro da justiça.

* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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