Um dia eu quis amar uma mulher
E me entreguei e assim foi
Tantos sonhos, aventuras, desejos
Tudo muito pleno e muito breve
Depois de um tempo me arrisquei a amar novamente
E foi absurdamente instantâneo o querer
Mais sonhos, mais aventuras, mais desejos
Tudo muito pleno e mais breve ainda
Então me recolhi e decidi não amar mais ninguém
Mas eis que surge outra mulher
E pouco a pouco fui amando-a
Mas sem sonhos, nem aventuras e nem desejos
Dessa vez tudo foi muito mais pleno e sem pressa alguma
E percebi que se chamar o passado de amores, isso teria outro nome agora
Daqueles raros, daqueles sinceros, daqueles distantes do possível
Daqueles que não precisam de sonhos, aventuras e nem desejos
E desde então ela é minha irmã, minha mãe e minha filha
É a pessoa que mais me enxergou por dentro e menos se assustou
É a flor regada de lágrimas que surgiu do deserto íntimo
No qual domina todos os meus primeiros pensamentos do dia