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Esse é o título do livro de Marco Antônio Sanches, da Editora Ave Maria, 2007, doutor, com pesquisa realizada na Universidade Georgetown de Washington, DC, que eu aconselharia para quem deseja conhecer os princípios da moral cristã, relativos à transmissão da vida. Para os que crêem em Cristo, a vida, desde o início até o seu termo natural, é sagrada e confiada exclusivamente ao poder de Deus, conforme as imutáveis leis da natureza.

Em edição recente de L´Osservatore Romano, Lucetta Scaraffia apresenta artigo com o título “O deslize moral – Ética e inovação”, citando o intelectual protestante francês Jacques Ellul, que diz: “Nas nossas sociedades, assistimos continuamente a um deslize moral.” E ela comenta: “Vivemos uma realidade de fundo, pela qual a ciência é a única ideologia sobrevivente, de tal forma que a técnica cria novos valores e uma nova ética de comportamento.” E, mais adiante, acrescenta: “Trata-se da ética proposta pela ciência, que com o passar do tempo consegue impor-se com sucesso, como se fora a consequência óbvia da sua racionalidade e bondade”. Diz ainda o mesmo Ellul: “Para alguns, uma proposição moral só será válida, se estiver conforme o sistema técnico.” Chegaríamos assim, digo eu, ao absurdo moral de que tudo o que o homem puder fazer com a técnica é justo e ético. Mesmo que se trate das maiores aberrações contra a natureza.. Denunciava com lucidez o então Card. Ratzinger num discurso proferido em Subiaco, mosteiro de São Bento, na vigília da morte de João Paulo II: “Num mundo baseado no cálculo, é o cálculo das consequências que determina o que é preciso considerar moral ou não.”

Assim está acontecendo, com destaque, no campo da transmissão da vida. A moral cristã reconhece como lícita, na impossibilidade de o casal ter filhos, unicamente, a inseminação artificial homóloga e intracorpórea, como chamam os especialistas, como ajuda ao ato conjugal. Explicando: é a fecundação feita no interno do corpo da mulher (não numa proveta de laboratório) com os dois elementos do casal, não de uma pessoa estranha ao casal, nem colocados em outra pessoa, na chamada “barriga de aluguel”. A criança tem o direito natural de saber quem é seu pai.

O mesmo se dá com o controle da natalidade. Se o casal não deseja mais ter filhos, por graves motivos, são lícitos os métodos naturais, hoje bem divulgados e os quais o casal verdadeiramente cristão deve seguir com consciência. São eles: o método Billings (método natural que identifica o ciclo dos períodos férteis e inférteis da mulher) e os outros, chamados sintotérmicos, que se baseiam na temperatura do corpo da mulher ou na viscosidade de seu muco cervical. Esclarecedor e muito didático é o livro de Ramón Lucas “Bioetica per tutti”, infelizmente ainda não disponível em português.

O jornal “O Semeador”, de Maceió, em sua edição de 9 de outubro último, publicou a declaração da Federação Internacional das Associações de Médicos Católicos que, sem temer a impopularidade do gesto, demonstrou consternação pelo concessão do Prêmio Nobel de Medicina ao biólogo de Cambridge, Robert Edwards, pelos seus trabalhos científicos sobre a fecundação humana in vitro. Entre outras coisas, afirmam os médicos da FIAMC: “Como médicos católicos, compreendemos o sofrimento de um casal infértil. Mas, ao mesmo tempo, acreditamos que a pesquisa e os métodos de tratamento da infertilidade têm de ser aplicados em um marco ético, que respeite a dignidade especial do embrião humano, que é igual à de um adulto.” E recordam que milhões de embriões humanos foram criados e descartados durante o processo da fecundação humana in vitro (FIV).

É realmente “brincar de Deus” fazendo criaturas humanas em embrião e depois sacrificá-las como se fossem coelhinhos da Índia…

(*) É arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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