Dezembro 2010
As festas do mês de Dezembro ficam bem no meio do começo e do fim. O antes, o agora e o depois acontecem e nem percebemos a passagem do presente, do passado e do futuro. Aliás, como era no princípio, agora e sempre… conosco, sem nós ou contra nós.
Quando olhamos para o fim, ele parece longe; se olhamos o passado, parece que foi ontem… Na verdade, o que resta de permanente é o movimento; esse movimento indomável, ininterrupto e inexorável que gera e se confunde com a imensidão da própria vida.
Nosso olhar humano é míope demais para entender e saborear o atemporal e o utópico. Por isso, a ansiedade, o medo e a nossa ganância criam o tempo e o espaço e, com eles, as distâncias, as metas, a pressa e a lerdeza, a obsessão de chegar e ganhar, de aproveitar e se salvar.
Nessa preocupação, o desejo vira estresse, a natureza vira mercadoria e as pessoas viram objeto de lucro e capricho. Nessa paranoia do sucesso sem fim e nessa vontade insana de acumular, perdemos pensando em ganhar e estragamos a única coisa que realmente conta – ser feliz sem medida.
O desafio constante dos humanos será contemplar o movimento da vida que passa e pendurar-se na hora, para saborear a felicidade, às vezes com pressa, outras com paciência. Mas, dentro do olhar humano, sempre com saudades do experimentado e apenas capaz de vislumbrar o sonho do futuro.
É a consciência de constatar que, em nós, o passado vive e o presente é feito de metade de memória e metade de esperança do futuro. Que viver aqui e agora precisa deixar uma marca na historia como a única forma de permanecer vivo e continuar na recordação dos vivos.
Só assim, o movimento da vida que será eternamente passado, presente e futuro, não será idealismo. Pois, “Se não tivesse o amor; se não tivesse essa dor; e se não tivesse o sofrer; e se não tivesse o chorar; melhor era tudo se acabar”(Vinicius). Será transcendente porque é divinamente humano.