Djanira Silva 8 de dezembro de 2010

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          O sol apaga as dúvidas. Busco em vão a palavra, a que me ensine os caminhos de chegar. Perco-me nas armadilhas das indagações.
          Descanso. Fujo para o sono onde morro a cada noite. Lá, espero que voltes. Lá, entrego-me aos perigos da ressurreição.
          Os sonhos roubam-me as idéias, reiventam minha vida. Nada do que foi volta como foi. Brinco de esconder com os mistérios da noite.
          Como entender um mundo que nunca é o mesmo?
          Quis escrever um poema, domar os pensamentos pausá-los com interrogações, exclamações, reticências, e, de repente, a palavra presa, condenada recusou-se a me ouvir.
          Vejo, então, que não sou dona de nada. Nem do que aprendi, nem do que esqueci. Não consigo controlar as palavras, prendê-las ou algemá-las às idéias. Sinto-me prisioneira do pensamento livre, sem amarras, tirano que me acorda durante a noite e transforma o passado em símbolos, negativos de velhos filmes, manchados escuros. Apenas sombras. Restos de uma dor esfacelada.
          O que é feito dos sofrimentos quando saem de mim? A agulha fura-me a carne, tira-me o sangue. A tesoura corta-me os cabelos, o vento espalha-me as idéias. Para onde vão os sonhos quando não estão comigo?
          Persegue-me a falsidade da inspiração. Lobo disfarçado, invenção da verdade. Falta-lhe o lado real da mentira verdadeira, a que torna o homem crente, a que lhe diz o que fazer. Preciso livrar-me dos abismos.
          As idéias perdem-se uma das outras. Preciso sofrer para trazê-las de volta.

Obs: Texto retirado do livro da autora – A Morte Cega.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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