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Conheceram-se em momentos distintos. Bem, acho que o amor não escolhe hora e de repente só diz ‘é você’. Vai ver foi isso. Eles estavam por aí curtindo suas vidas cheias de alegrias e problemas, num comodismo de dar dó quando se esbarraram não em uma festa, mas no meio da rua. Ela era um tanto estabanada, confesso. Na verdade era uma contradição uma mulher bela e inteligente que vivia tropeçando. A vida tem dessas. A pele branquinha vivia cheia de hematomas. Era engraçado, mas um tanto dolorido. Num desses desequilíbrios, simplesmente caiu … nos braços dele! Foi no dia em que decidiu sair de salto. Logo ela! caiu. Foi vendo as coisas passando rápido e antes que mais uma vez beijasse o chão … ele a segurou. Aconteceu o clichê. Olhos nos olhos. Sorrisos desencontrados. Ela sem jeito. Ele preocupado. Obrigado. Foi embora caminhando. Esqueceu a agenda. Nem viu. Foi embora. Ele percebeu. Ainda gritou, mas ela sumiu na esquina. Viu os dados. Iria procurar por ela. Folheou. Anotações. Desabafos numa agenda de trabalho? Um guardanapo com uma flor laranja no centro. Deduziu ser de algum momento especial. Uma foto avulsa. Ela. Achou extremamente linda e delicada. Alguém se apaixona por uma foto? Ele se apaixonou. Sei lá. Aquilo foi bem confuso, porém aconteceu com meu amigo. Ele ligou. Ela não atendeu. ‘Vai ver estava ocupada’ – pensou. Tentou um sms, e-mail ela respondeu cinco dias depois. ‘Estava para o meio do mato’ – ela disse. Marcaram de se encontrar. Shopping? Não! Que tal aquele restaurante com um barzinho no 2º andar? Foram. Ele chegou cedo. Ela atrasada. Mulheres. Veio sem salto. Calça jeans, camiseta e all star. Disse depois que estava de folga. Ele descobriu que ela era relações públicas e quase sempre tinha que estar bem vestida. Imagem. Ele contou que trabalhava com vendas. Intermediava o acesso a produtos bem originais, mato, flor, coisas artesanais, mandava tudo para o exterior. Ela adorou. Ficou embasbacada. Era interessante. Ele devolveu a agenda. Ela agradeceu. Falou que o chumaço de folhas continha seus planos mirabolantes. Perguntou se ele leu. Ele responde que não. Era claro que era mentira. Tinha lido. Uma, duas, três vezes. Sabe lá Deus porque fez isso, mas leu. E ficou encantado. Ela era sua alma gêmea. Ela olhou a mão direita. Não tinha nada. Não julgue mal. Na verdade, ela ficou tranqüila. Tinha achado ele simpático e bonito. E como boa parte das mulheres que eu conheço adorou o sorriso dele. Trocaram telefones. Não deu vontade de ir embora. Conversaram a noite inteira. Só viram que o tempo tinha passado quando o bar começou a fechar. Esqueci de dizer, eles pediram algum prato com camarão comeram e foram tomar um drinque no outro andar, daí o bar. Hora de ir embora. Beijinho no rosto. Um abraço apertado. Opa! O que foi aquilo? Ele olhou nos olhos dela bem lá no fundo e meio segundo depois a beijou. Foi tudo tão direitinho. Romântico! Que se não fosse uma crônica vindo de uma jornalista um tanto sentimental nestes dias eu diria que teria sido assim. Bom… o que aconteceu com meu amigo não foi difícil de deduzir depois. Namoraram. Foram para a Argentina, Bolívia, Venezuela, Itália, Espanha. Conheceram um monte de lugares. Ele não conquistou o mundo, mas o coração bandoleiro dela. Tiveram sonhos. Compraram uma casa. Casaram. Tiveram filhos. Tiveram problemas. Contornaram. Fugiram do comodismo. Inventaram mil e uma maneiras de ser felizes e assim viveram. Improvável é uma queda.
Obs: Imagem enviada pela autora (Foto: Carla Salgueiro (br.olhares.pt)