26 de dezembro de 2010
Eu não sou nada, eu não sou ninguém,
mas eu canto,
com um fiozinho de voz
de não se escutar,
quando a solidão de enrodilha no meu
calcanhar.
E quando a dor em sua urgência me
desaprende,
eu reaprendo a cantar.
Quando o horror se faz presente neste antro
e o grande medo senta-se contente na sala
de estar,
balbucio um arremedo de acalanto
a me ninar.
Eu não sou nada, eu não sou ninguém,
mas eu canto
entre risadas, folgazona e prazenteira
ou entre soluços neste nosso humano
pranto.
E que ninguém se espante, ninguém chegue
a se espantar
se no meu enterro ouvirem um canto
sou eu que voltando ao nada
sigo desesperada a cantar.
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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