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Velha dama, velha dama,
Ouço-te orando ao teu Deus
Na grave cadência de um surdo.

                            “Queremos Deus,
                            Homens aflitos!”

Ouço-te também, velha dama,
Em exuberante alegria
Ao som de frenéticos tamborins.

                        “Carmelito, você foi ingrato
                         Fez de mim sapato,
                        Zombou da minha dor…”

Tua voz se transforma ainda
Em profundo e grave lamento,
Na agonia sonora da cuíca.

                     “Você roubou meu sossego,
                      Você roubou minha paz.”

Velha dama, velha dama,
Velha craúna fantástica,
Tua voz é como a voz do mundo,
Uma ária de solene violoncelo.

                   “Quem parte leva saudade
                    De alguém que fica
                   Chorando de dor…”

Velha dama, velha dama,
De eterna mocidade.
Eis-me em postura solene
A beijar as tuas mãos
De muitas vidas.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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