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Hoje em dia são raras as comunidades que ainda se conformam a viver na base de lamparina e o candeeiro. A energia elétrica tornou-se uma necessidade social tão importante quanto à água encanada dentro de casa. A tecnologia avançada e o consumismo capitalista levaram até os mais pobres a terem uma televisão, um rádio, um liquidificador e até um ferro de engomar.

Uma vila como Curuai no Lago Grande, 15 anos atrás, se conformava em ter energia elétrica apenas 2 horas por noite, com um gerador sem potência suficiente e que falhava de vez em quando. Mas também lá no Lago Grande do Curuai chegou a novidade, energia elétrica 24 horas que já era sonhada há 5 anos. Afinal, a região com 60 comunidades e 20 mil habitantes já merecia essa modernidade. Ainda mais que o governo prometeu luz no campo e luz para todos. Finalmente lá chegou a luz e energia elétrica.

Com tal avanço as famílias correram a comprar a televisão, ventilador e outras utilidades domésticas da vida moderna. E ai começa novo ciclo de ilusões e indignação. A tarifa inicial de energia era de 4 reais/ mês, como prometia o programa luz no campo. Para o povo do Lago Grande foi uma cilada silenciosa. Hoje, pouco tempo depois de funcionar energia 24 horas, o morador denuncia que a tarifa passou para 100 reais/mês e nem todo dia tem eletricidade. Isto é, estão iludindo a população do Lago Grande do Curuai.

Lançaram o anzol com isca gorda e agora os moradores estão decepcionados, mas presos ao caniço de quem fornece a inconstante energia elétrica dita de 24 horas. Num País sério e uma população esclarecida e organizada, a empresa fornecedora de energia iria a processo judicial por falsificação ideológica e assalto à economia popular.

Quem engana pobre o castigo deve ser maior. O luz para todos se torna fonte de enriquecimento para empresa e frustração para o povo. De duas uma, ou a empresa está falida e não consegue cumprir seu contrato com o serviço bom ao povo, ou está ganhando muito dinheiro à custa de enganar dos pobres.

* Pároco diocesano e coordenador da Rádio Rural AM de Santarém.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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