A incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de arrogância e vaidade. Parafraseando Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito: é preciso também que haja silêncio dentro da alma”.

O poeta se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras. Daí a dificuldade em ouvir o que o outro diz, se ele é interrompido com palpites ou outras idéias. Ou seja, o silêncio exterior não é suficiente: é necessário fazer silêncio internamente para conseguirmos realmente ouvir, assim como a música, que acontece no silêncio, quando livres dos ruídos, do falatório e dos saberes da filosofia ouvimos a melodia que, de tão linda, nos faz chorar.

Ouvir exige tempo e atenção. O silêncio ou a escuta atenta querem dizer: “estou ponderando cuidadosamente sobre tudo aquilo que você falou”. Esta é a beleza do silêncio.

*Camiliano, pós graduado em Clinical Pastoral Education pelo S. Lukes’s Medical Center (Milwaukee, EUA). Professor doutor no programa de mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo (SP) e autor de inúmeras obras na área da bioética, dentre as quais Bioética: um grito por dignidade de viver e co-organizador de Buscar sentido e plenitude de vida: bioética, saúde e espiritualidade.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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