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Estive muitos finais de semana na velha casa dos meus avós. Lá, os dias eram quase sempre quentes e animados. As tardes tediosas e compridas. As noites estreladas e com uma lua enorme no breu do céu. Os carapanãs davam a sintonia dos sons noturnos. Não tinha energia, televisão, geladeira, nenhum eletrodoméstico, apenas um velho rádio de pilha sintonizado sempre em alguma AM da cidade. Apesar da ausência de luxo, sobrevivia-se e bem.
Lembro dos passarinhos, dos macacos soins, do banho com água fria, do suco de acerola quente, das formigas, dos pés de chicória plantados embaixo da biqueira, das sombras no escuro, do lagarto que morava no telhado, do pinico atrás da porta, do quadro com todos os 12 filhos na sala, da cadeira de balanço, do retrato do sagrado coração de Jesus, da rede de tucum.
Dá saudade …
A velha casa continua lá só que incompleta … Sem moradores. Alguns poucos tijolos rememoram o que foi ali um dia. Já não há portas, janelas, móveis. Tudo foi substituído pelo mato e minado pelo tempo. Há quase 15 anos quando a idade foi ficando mais acentuada e os passos mais pesados, meus avós venderam a velha casa das minhas lembranças.
Miguel
Um detalhe…
No jambeiro da frente havia um pneu de caminhão. Foi colocado lá quando a árvore ainda era uma mudinha, para protegê-la. Os meninos e meninas, netos e netas da dona da casa costumavam pular no aro de borracha. Era divertido, mas um dia uma cobra apareceu e acabou com a festa.
Obs: Imagens enviadas pela autora.