Dannie Oliveira 8 de novembro de 2010

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Não sei quantos anos tinha a velha casa, a única certeza é que ela sempre esteve lá desde que tenho lembranças…

 

José Manso

A velha casa ficava em um terreno extenso cercada por árvores nos fundos e nos lados no entorno de uma estrada de piçarra. Um coqueiro e um jambeiro davam boas-vindas na entrada. Na parte direita do terreno uma antiga jaqueira tentava resistir as ervas daninhas. O chão era de barro. Onde não tinha barro havia grama; verdinha, fofa e cheia de mucuins (nem por isso deixei de brincar tantas vezes ali).

O pátio era pequeno. Do lado esquerdo uma porta dava para um quarto estreito onde por muito tempo meu tio caçula dormiu (quando ele foi embora os sacos de arroz e os cachos de banana substituíram a rede). A sala era modesta. Não me lembro de sofá e sim de bancos simples, feitos de madeira; tamboretes como chamam por aqui. No final da tarde costumávamos levá-los para o terreiro onde víamos o pôr-do-sol sumindo no arrozal do outro lado da estrada. Depois recepcionávamos a noite e as cigarras (ou era o contrário?).

No quarto maior ao lado da sala era onde as pessoas ficavam quando apareciam por lá. Em um canto do cômodo ficava uma sapateira, no outro lado uma penteadeira e um velho baú. Era espaçoso. As paredes de tijolo ostentavam as marcas da fumaça da lamparina, quase sempre deixada de trás da porta. Na sala de estar à única mobília era um pote e no quarto menor uma cama bem arrumada com uma colcha colorida.

 

Frederico Martins

Do lado de fora da velha casa ficava a cozinha, não havia paredes e dava para entrar por qualquer lado. Poucos objetos ficavam no espaço, entre eles um fogão a carvão onde o café torrado na tarde anterior, a carne cozida com macaxeira, a galinha guisada, o feijão, o mingau de jerimum, a tripa frita e o arroz. No mesmo ambiente ficava uma mesa de madeira acompanhada de dois longos bancos que se estendiam pelo seu comprimento.

O banheiro era localizado a uns três metros do final da velha casa debaixo do cacaueiro, próximo ao coqueiro,ao galinheiro e a cisterna. Dentro, algumas tábuas lisas encaixadas no chão de barro e lama dividiam o espaço com várias mudas de coco. Da cisterna eu tinha medo porque era funda. Depois que fui crescendo sempre quis pegar uma escada e mergulhar (piscina improvisada).

O sanitário (latrina) ficava do lado direito da casa velha rodeada de frondosas seringueiras. Confesso que a hora do nº 1 e do nº 2 sempre era adiada, como toda criança da cidade eu temia escorregar e cair naquele buraco no chão indo parar no fundo sujo (haja imaginação!).

Todos esses espaços compunham a casa velha, além da laranjeira, da mangueira, do velho paiol, do galinheiro e do limoeiro.

Obs: Imagens enviadas pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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