resomar 26 de outubro de 2010

 

O olhar vago pairava no sonho de poder também rodopiar e ser
feliz!…

– Na camisa rasgada e suja perambulava pelas madrugadas…
Não mais pedia esmolas…
Não mais aguardava certezas, nem alegrias…
Não mais sabia ser criança, ou se já o fora algum dia!
Os pés carregavam porções de vida usada e amordaçada pelas ilusões…
Nas mãos, o resto da esperança escondido no calção desfiado,
recolhido do lixo…

Era preciso esconder esta “pedra preciosa”…
Era preciso saborear o néctar ao qual ainda podia ter acesso…
Era preciso cantar, gritar, dançar, gargalhar e se deixar amarrar,
se assim fosse surpreendido pela violência…

Na escuridão dos porões, recolhia-se para recordar a única lição de vida
aprendida: sua liberdade possuía um preço muito alto…

Viver o absurdo no amargo da solidão passou a ser o abraço
que recebia das pessoas que o taxavam de vagabundo!
Seu corpo furado e marcado cambaleava anonimamente pelos
calçadões e palácios,
e caía sonolento na sombra das estrelas…

Atravessava seus pesadelos, aguardando a outra margem ou
outro lado da dor…

(11.09.2003)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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