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Até a década de 80 do século XX a garotada se sentia instigada a inventar, longe ainda da modernidade e da era eletrônica a que chegamos. Éramos mais livres nas brincadeiras quando podíamos fugir da rigidez de nossos pais e do tradicionalismo quase “encantador” das escolas públicas. As nossas latas de Sardinha transformavam-se em carros enfeitados, produto de nossa fértil imaginação. Hoje essas latas contribuem para o aumento do lixo no planeta.

Um simples pedaço de madeira era transformado em cavalo corredor que nos levava aos mais distantes lugares e nos auxiliava na captura de perigosos bandidos.

Nossas inesquecíveis patelas, feitas de sandálias velhas, saltitavam em qualquer parede para se juntar à patela adversária no chão empoeirado que manchava nossas roupas de moleques “arteiros”.

As bolas de gude, ou petecas como são chamadas aqui no Norte, eram as meninas de nossos olhos enfeitando os quintais nos quais a meninada se concentrava para jogar turiti.

Nossos papagaios com suas rabadas enormes coloriam o céu azul de verão hipnotizando os olhares dos meninos e adultos que “descansavam” brincando num calor de matar.

Nossas bolas eram de meias sem uso com bastante retalho de pano e pareciam obra de arte nos campinhos de pelada.

As grandes folhas de jornal viravam barcos nas enxurradas das chuvas demoradas ou então serviam de chapéu nas cabeças pensantes daquela época…

Hoje nossas crianças, jovens e adultos ficam horas com seus brinquedos eletrônicos que depois de repetidas vezes jogando ou brincando ficam entediados. São brinquedos que nos ensinam a repetir movimentos moldados e chegam a nos viciar nos paralisando frente a uma tela que nunca retrata nossa identidade humana criativa.

(*) Professor da Rede Pública Municipal de Santarém
Graduado Pleno em Pedagogia pela UFPA

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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