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Navegando pelo Amazonas, eu desejei, um dia, dolentemente, que aquelas águas me levassem sempre adiante… A força desse querer me espanta ainda agora, quando não sei que destino seria aquele, no sempre adiante que não finda, nem chega, jamais.

Às margens do São Francisco, imaginando apenas a possibilidade da navegação, eu quis estar indo, rio mesmo, ou embarcação ao menos, num sem fim de me escorrer e de buscar repetir, no Infinito, aquilo que já sou e sempre fui.

Nos corredores do hospital público, na emergência da vida (ou da morte?) que se impõe em quase centenas de necessidades simultâneas, em rostos marcados pela dor, em vozes que se alteram na necessidade de alienação, dividindo o espaço insone sob a claridade artificial do dia que não acaba, ao me deparar com o imperioso do sofrimento sem conforto ou amparo, eu era de novo a que se vai eternamente e poderia ainda estar ali e ali ficar, indefinidamente, buscando registrar algum prazer nos corpos de onde o bem estar partiu, leviano e perversamente.

Aquele espaço é, agora, a correnteza da vida. E eu, barco à deriva, mal resisto ao desejo de ir-me indo, sendo levada, solidária contínua ao movimento eterno do Ser.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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