Paula Barros 27 de setembro de 2010

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Ainda era uma menina quando “se perdeu”, assim diziam na cidade do sertão onde morava. Tão menina, tão frágil, mas foi colocada para fora de casa, o pai a chamou de desavergonhada. Você agora é uma mulher, vá viver sua vida, vá para o mundo, gritando, muito brabo. A mãe apenas a olhava, sem dizer nada, com os olhos cheios de lágrimas.

Maria Madalena, veio para a cidade grande, junto com outras moças que também tinham “se perdido”. Diziam que na cidade tinha emprego, e que elas se achariam.

Chegaram de madrugada, a rua não tinha um pé de pessoa, feito elas depois comentaram com as outras daquela pensão. Todas perdidas. Era a pensão de D. Odete, uma senhora de cabelos vermelho intenso, roupas elegantes, unhas sempre pintadas, sapatos de salto alto.

Quando Madalena chegou, mesmo de madrugada, D. Odete teve a conversa de sempre, que tinha com todas meninas, assim elas se referiam às moças da pensão.

Ensinava como seria a vida ali, o dia a dia, desde os afazeres domésticos, até o serviço a noite.

D. Odete usava a placa escrita logo na entrada para explicar a vida ali – “É dando que se recebe.” Sem muitos rodeios, explicava tudo.

Maria Madalena lembrou-se da música que aprendera no catecismo. E nessa nova vida encontrou o verdadeiro sentido, porque até então, não tinha encontrado sentido para o “É dando que se recebe”, porque na vida percebeu que existiam pessoas que tanto se dava, e nada recebia. Em troca só ingratidão.

Agora sim, ia dar e receber

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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