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Condicionados, condicionadores. Assim poderíamos definir a maioria dos profissionais da imprensa brasileira da atualidade. E não pense que há uma vontade explícita de manipular os leitores por parte deles, mas apenas uma repetição ingênua do massificado e massificante lugar-comum da notícia, que segue bamburrando os cofres das empresas de comunicação e, conseqüentemente, dos capitalistas de plantão.

Nesse mídioambiente não há sinal de força sobre o que deve ou não ser publicado. Mas, mesmo sem ter as suas consciências violentadas, os jornalistas, em geral, acabam rezando na cartilha da informação ditada pelo modo capitalista de se “ter” o mundo.

No surreal quadro da informação-mercadoria, os avanços sociais da categoria, ironicamente, não chegam sequer aos papéis. Pois, na ilusão de trabalharem sob uma livre inspiração, eles não sentem necessidade de qualquer conspiração. E para refutar esta última, agarram-se a uma crença em um serviço voltado para um capitalismo humanizado. (Não me pergunte o que diabos isso quer dizer!).

Sob uma “ética profissional” engessada na crença do capitalismo, esses arautos das boas novas dominam o alto comando da informação e barram o acesso às redações, dos novatos que queiram destoar do canto do galo de ouro. Mas o processo de separação começa bem antes, nas próprias universidades de jornalismo que, também seguindo esta carta magna do lucro acima de tudo, já castram o verbo “dever” e o substituem por outro: o “vender”.

Assim, tudo o que condena o sistema é abordado, mas de forma a não comprometer os princípios que eles próprios seguem, princípios esses – não esqueça! – ditados pelo capital. A classe segue, então, cumprindo à risca a lógica de mercado, ou seja, o tripé concorrência, obrigação de rentabilidade e ibope. O saldo são redações que oferecem um trabalho precário e mal remunerado e, por isso, altamente rotativas, e um jogo, às vezes, até ambíguo de hipocrisia e mau-caratismo, no qual a função essencial da profissão – que é visar a utilidade pública, o bem comum, a verdade e a justiça – passa ao largo.

Esses profetas do verbo acabam travestindo o impermissível de permissível. O que sobra resvalando diariamente em nossos já anestesiados sentidos é apenas pura verborragia. E simplesmente porque nunca põe em xeque a lógica dominante.

Obs: Texto retirado do livro do autor – Surtos & Sustos
Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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