Por que tanta inquietação, temor e acusações?
         Quem não deve, não teme, diz um velho e sábio refrão.
          É que a pseudodignidade está comprometida e a aparente honestidade, abalada, mas o sórdido mando da ambição, fala mais alto.
          Ter, ter mais e sempre ter mais… Eis o programa da vida que rege maleficamente a mente e as decisões de muitas pessoas.
          Lamentavelmente isso acontece com alguns notáveis dignitários, ocupantes de cargos e postos elevados, autoridades dos três Poderes, perdendo a confiança e a credibilidade.
          E assim, hoje, podemos comparar o Brasil a uma acirrada partida de “ping-pong”, onde a CPI dos Correios e o “mensalão” disputam a vitória. Os dois adversários se acusam mutuamente tentando safar-se das penalidades a que, com certeza, jamais se submeterão. Salve a impunidade!… dirão.
          É vergonhoso e penoso para nós, para nossos filhos e netos presenciarmos tanta baixeza e desmoralização em nossa terra!…
          Diante do “tsunami de corrupção” surgido nesses últimos dias, nada se resolve de definitivo, embora os governantes apregoem soluções lícitas, honestas e urgentes. Adiam-se as medidas que agilizariam a solução do problema, como escolha do presidente e relator da CPI dos Correios e que finalmente foi solucionada. Foram indicados os dois nomes dos comandantes desta CPI de agrado total do Governo, trazendo incertezas e insegurança quanto ao resultado final… Antes, sempre foi costume “alternar governantes e oposicionistas” nas CPIs.
          Ninguém assume corajosamente o desempenho das irregularidades e crimes. Todos se arvoram de inocentes e corretos. Pois, nenhuma prova se encontra que os comprometa. Surge ainda a “operação abafa” e tudo cai no vazio do esquecimento e da prescrição…
          Tudo termina em pizza, conforme a linguagem popular.
          A pusilanimidade dos responsáveis por esta avassaladora e lamentável degradação brasileira é tamanha, chegando até alguns parlamentares comprometerem a dignidade pessoal, cancelando suas assinaturas da CPI dos Correios, em troca, com certeza de vantagens e benefícios.
          E a impunidade permanece e prevalece!…
          Aqui é oportuno fazer uma retrospectiva a tempos longínquos quando a palavra de u homem equivalia a um dogma acreditado por todos e a sua assinatura era a expressão autêntica da verdade e segurança. Tudo passou!… Tudo mudou!…
          Enfim, o nosso País vive um clima de tristeza, insegurança e total desconfiança nos poderes, poderosos e até nos amigos, podendo repetir a súplica atribuída ao filósofo e literato iluminista Voltarie: Meu Deus protegei-me de meus amigos. Dos meus inimigos eu me encarregarei.
          Aguardemos com otimismo, fé e esperança no Altíssimo o fim dessa crise política, social, e, sobretudo moral, sofrida amargamente pelos brasileiros.
          Entretanto, não nos regozijemos com a identificação dos culpados apenas pelo sádico prazer de vê-los penalizados ou pelo falso sofrimento de justiça hipocritamente externado com a aplicação da LEI. Que concepção errônea de JUSTIÇA!…
          A identificação e penalidade dos culpados devem ser compreendidas como a recuperação da dignidade e dos valores cívicos e morais do nosso tão grande e querido Brasil.
          Não nos julguemos superiores a ninguém nem inacessível a quedas, fracassos, crimes e pecados, do que só a proteção divina nos livrará. Pois, no presente, o culpado é o outro e no futuro, poderá ser eu.
          Lembremos a máxima latina: Hodie mihi, cras tibi. (Hoje a mim, amanhã a ti).
          Devemos sim, vivenciar o preceito Divino: Amai vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem e invocar sem cessar:
          Ó Pai, Senhor de todos e de tudo, concedei aos culpados e inocentes a dom da SABEDORIA a fim de que possam orientar todos os atos de sua vida particular e pública, na retidão da sua consciência.
 

(*) Autora do livro – Retalhos do Coração.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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