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Essa questão, entranhada na mente de algumas pessoas desde a invenção dessa incrível e poderosa máquina, aliada com o surgimento da internet, ambas no século passado, repercute mais forte ainda nesse início do Século XXI devido, principalmente, à verdadeira onda virtual envolvente e pegajosa da globalização, que a segunda serve, juntando tudo: culturas, religiões e economias diferentes num mesmo chip para serví-lo digerível aqui, em Budapeste ou em Bali.

Estaremos caminhando (ou seria navegando?) ao encontro da mítica linguagem comum? O internetês, que poderia ser chamado de o novo esperanto, irá derrubar enfim a Torre de Babel? Mas esta já é uma outra questão, que eu deixo para os filólogos de plantão.

Não creio que o livro desaparecerá por causa do computador. Primeiro, porque a luta primordial do Homem é contra a morte, assim como a da memória é contra o esquecimento. Por isso, desde sempre, ele busca perpetuar-se, seja através dos filhos, de obras faraônicas, de grandes impérios comerciais ou, neste caso, através do registro de suas memórias, sonhos e reflexões, o que só se concretiza, de fato, no livro.

Segundo, porque a praticidade de um livro não pode ser comparada à parafernália eletrônica exigida para o funcionamento de um computador. Mesmo que alguém diga que, no futuro, este será portátil e com um sistema de auto-alimentação. Entramos no terreno da suposição. E, nessa linha, quem é capaz de afirmar qual será a nossa fonte de energia daqui a cem ou duzentos anos?

Mas a mais importante razão da permanência do livro encontra-se no prazer diverso, mas único, que ele pode proporcionar. Ler um bom livro, ou melhor, estar preparado para ele, é mergulhar num mundo exclusivo de imagens, alegorias, símbolos e sentimentos vários, quando o Homem pode encontrar-se ou perder-se. Mas jamais ele sairá o mesmo dessa magnífica experiência.

Finalizando, pra defender a minha crença na eterna ressurreição do livro, deixo aqui a opinião mais que respeitada, mas acima de tudo, oportuna, do renomado escritor e poeta argentino Jorge Luis Borges, que dizia assim: “Dos diversos instrumentos utilizados pelo Homem, o mais espetacular é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio são extensões de sua visão; o telefone é extensão de sua voz; em seguida, temos o arado e a espada, extensões de seu braço. O livro, porém, é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação”.

Obs: Imagem enviado pelo autor.

Texto retirado do livro do autor – Surtos & Sustos

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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