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Rasguei a noite, sem lua
cavei estradas
Derrubei pedras, sem saber aonde chegar.
Vi o céu ser alumiado por relâmpagos,
Que me mostraram mais pedras e galhos que se balançavam
Sob o peso dos pingos da chuva,
A terra barrenta escorria estrada abaixo,
Amolecida pela chuva,
Riachos enchendo
E o barulho de mais água caindo,
Vindo do céu escuro, pesado de água,
E eu subindo contra a avalanche de barro,
Que escoria e destruía o relevo de estrada
Que eu não conhecia e nem sabia quando terminaria.
O vento da chuva me impulsionava para cima da serra,
Impossível retroceder,
Precipício de um lado,
Serra do outro
E eu, encolhida no meio da serpente de barro
Na estrada que não tinha fim,
Com ânsia incontida
Meus olhos, na noite escura
Abriram-se para o fim da serra do vento,
Que me recebeu com luz
E me perguntou o que eu queria dela
E eu lhe pedi um pouco do seu vento,
Que viesse forte e mexesse comigo
Sacudisse dos meus galhos as lágrimas
Que eu não quero mais derramar,
Levar os vultos que me cercavam
Apagar as pegadas divididas no meu espaço
Clamei por vendavais e tufões
Que fizessem uma varredura nos meus pensamentos
Dissipando-os em fragmentos a serem espalhados
No fundo da serra do vento.
Uma limpeza completa,
Sem página rasgada,
Sem recortes de figuras,
Só o vento da serra encharcado da chuva e dos meus pedidos.