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Em que pese a responsabilidade da administração pública estadual e federal com os impactos ambientais que acarretam catástrofes, como as que têm ocorrido em diversas regiões do Brasil, todavia, com relação às calamidades que assolaram os estados de Alagoas, Pernambuco e Bahia, não resultaram simplesmente do condicionamento a maiores ou menores liberações de verbas destinadas pelo governo federal para o desenvolvimento dessas áreas situadas na Região do Nordeste, como pretendem alguns opositores desinformados, mas, deveram-se, principalmente, à degradação progressiva a que estão permanentemente submetidos os rios em seus leitos e em suas margens,nas referida regiões afetadas.

Assim é que, a catástrofe provocada pelas enchentes do Rio Una em Pernambuco e Alagoas, inundando cidades e provocando mortes irreparáveis, não são um problema atual, a que o rio Una, atingido de repente, não suportou, em face da exorbitante precipitação pluviométrica que caiu sobre seu deteriorado leito e suas exploradas margens. Em face da calamidade provocada pelas enormes cheias que devastaram cidades, propriedades, estradas, pontes e, irremediavelmente, vidas humanas, o trágico episódio, como sóe acontecer pela falta de respeito à dor das famílias, vitimas da catástrofe, já teve seus arautos e pregoeiros dentre a oposição que, na falta de um programa para contrapor aos feitos do atual governo, se aproveita para usar em seu favor como bandeira oportunista e eleitoreira, os trágicos acontecimentos que atingiram as áreas rurais e urbanas situadas ao longo do rio Una.

Omitem, propositalmente os exploradores e aproveitadores da desgraça alheia que esta, apesar de ter sido uma enorme, talvez a maior cheia do Rio Una, não foi a primeira, havendo registro de outra grande inundação provocada pelo mesmo Rio Una no ano 2000, quando Pernambuco era governado pela atual oposição. Portanto, o problema não é atual, mas nunca nos governos anteriores foi tratado com a importância necessária para evitar o atual nível de degradação do Rio Una e suas potenciais e desastrosas consequências para as populações ribeirinhas.

Segundo estudos realizados pela Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco e publicados pelo IBGE, constando, inclusive na internet, pode-se verificar que são diversas as causa que geraram os prejuízos ambientais em relação ao Rio Una, os quais vêm se acumulando ao longo dos anos, como atestam os dados colhidos nas citadas fontes e aqui transcritos, entre outros:

” Impactos na Área Estuarina:

No ano de 2000, uma cheia de grandes proporções foi registrada no Rio Una, causando sérios danos, em especial, às áreas mais baixas dos distritos e cidades por ele banhadas. Naquela ocasião, e com a justificativa de minimização da elevação do nível do rio, foi aberta a barra no distrito de Várzea do Una, em São José da Coroa Grande, sem qualquer consulta aos órgãos ambientais, causando modificação no curso final do rio e na localização da foz, que foi deslocada para cerca de 3km ao norte da anterior. O estuário, considerado normal ou típico até maio de 2000, passou a partir de maio de 2002, a fechado, quando foi formado o banco de areia impedindo o curso normal do rio.”

“Modificações Antrópicas:

Desde a nascente até o município de Catende o Rio Una não é perene, sendo transformado em um depósito de lixo urbano e coletor dos efluentes domésticos e industriais em estado bruto como matadouros, curtumes, usinas e destilarias, contribuindo significativamente para a degradação ambiental e a proliferação de pragas e doenças nas comunidades ribeirinhas.

Em parte do seu curso, as margens são tomadas por aterros e construções, reduzindo a calha e destruindo as matas ciliares, condição considerada crítica nas áreas urbanas das cidades, onde a calha sofre estrangulamento e as margens são pavimentadas, reduzindo a área de drenagem para o solo, causando com certa freqüência transbordamentos em períodos de grande precipitação pluviométrica.

Do seu leito seco até o município de Catende são retiradas pedras e quando da condição perene, em especial à jusante da cidade de Barreiros, areia para utilizações em pavimentos e construções diversas.

Tais condições, que são comuns a vários rios do país, são causadoras de impactos ambientais de variadas intensidades, mas um dos impactos de maior gravidade se dá quando existem modificações no estuário, considerada a parte mais sensível de uma bacia hidrográfica, tal como está ocorrendo no estuário do Rio Una”, conforme se constata com maiores detalhes, através dos “Impactos Ambientais – Diagramas das Situações Estuarinas – 2000 a 2004”, cuja análise se encontra publicada na internet para conhecimento público. Fonte: IBGE – Elaboração CONTÉCNICA – base Plano da Bacia do Rio Una – Secretaria de Recursos Hídricos de Pernambuco

Esses esclarecimentos são de fundamental importância para o conhecimento e a conscientização das pessoas que residem ao longo do rio Una sobre a necessidade de perservarem esse precioso rio, indispensável à sua sobrevivência. Cabe também agora, aos governos federal e estadual a tarefa de combaterem as causas dos desastres ambientais, mediante programas de preservação dos mananciais, inclusive com educação ambiental, com fiscalização severa e com punição para os predadores e exploradores dos recursos hídricos necessários à vida das populações. Dessa forma, urge promover o desenvolvimento sustentável das regiões afetadas pelas catástrofes naturais ou provocadas, bem como, reconstruir o que foi destruído, indenizar os prejuízos materiais e sobretudo, prevenir futuras perdas humanas, haja vista que, as acontecidas, infelizmente, são irreparáveis.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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