Djanira Silva 17 de agosto de 2010

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            Dizem que quem morre de véspera é peru. Ora, ele morre no dia dele, a véspera é da festa. Outra coisa é esta história de fazer “check up” nem sei o significado – deve ser procurar doença. Doença é feito mulher que vigia marido, se procurar acha. Eu, de minha parte deixo que a doença me encontre.
            Não posso dizer que não dou ouvidos ao médico, eu dou, ao otorrino, isto é, os ouvidos.
            Há mais ou menos quarenta e poucos anos, fui ao endocrinologista na esperança de perder peso. Feitos os exames de praxe ficou constatado que minhas taxas, exceto a glicose, estavam muito altas. De lá para cá, parece uma praga, mal boto o pé num consultório lá vêm os mesmos exames, a mesma recomendação: é preciso baixar as taxas, caminhar, fazer, dieta.

            Já estou me aproximando de um século de existência, e nunca baixei nada, enquanto alguns dos que me torraram a paciência já baixaram à cova.
            As caminhadas, eu sei, são boas e necessárias, não para mim que não tenho paciência para ficar rodado, com cara de besta, em torno dos quarteirões do bairro ou na Jaqueira, onde me sinto uma ovelha sem pastor. Tive dois amigos que se finaram lá mesmo no exercício das caminhadas. E os que morrem jogando futebol, ou nas praias fazendo cooper, nadando, correndo ou andando?
            Acredito que Deus escreve tudo quanto tem que acontecer: tempo de nascer, tempo de crescer, tempo de morrer tudo orquestrado pelo maestro coração que certamente também tem suas batidas contadas. Acredito, ainda, que na minha ficha deve estar registrado o número de passos que devo dar neste mundo, o número de vezes que devo respirar, enfim, tudo na mais perfeita ordem. Nada vai além do dia marcado. Penso que já andei muito, devo estar com um saldo pequeno de passadas a dar. Por isto procuro economizar para não gastar o pouco que me resta.
            O que se dizer da mulher que estava assistindo televisão numa casa lá nos confins do sertão e, de repente, um raio atravessa a parede e fulmina a criatura? Estava escrito, ou não?
            E quando um avião cai em cima de uma casa matando seus ocupantes? Fatalidade? Tinha que ser? Talvez na ficha estivesse escrito, por engano, que aquelas pessoas deveriam morrer numa queda de avião. Elas não vão a ele mas ele vai matar em casa.
          
Se andar devagar matasse, as tartarugas não durariam tanto. E os coelhos? Bem os coelhos correm muito e chegam logo…na panela.

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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