Djanira Silva 5 de julho de 2010

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          O sol, que ontem me enganou com a chuva, hoje deu à luz o meu quintal. Chegou assim, sem nuvens, sem sombras, posso jurar que o vi sorrir. Senti-me absolvida e absorvida. Alma limpa. Integrada às manchas do azul vi o céu virar mar. E, então, ali mesmo, me transformei em cores. Azul, vermelho, verde, recriação de um escuro livre do medo, de algas e anêmonas, polvos, águas-vivas no meu azul subterrâneo. Mistérios submarinos onde a vida me espreitava do ventre do mundo.
          O sol me deu
          A plumagem das nuvens.
          O silêncio do azul
          A pureza das águas
          A voz perdeu-se nos caminhos do mar, do mal. A convulsão das águas baniu a paz dos montes e a voz se calou chamando a ausência. As areias da praia nunca se rebelam, as águas do mar nunca se conformam.
          As profundezas escondem almas perdidas, penadas, passadas, agonias do vento, ruídos loucos, roucos, que confundem o mundo. A palavra negada está no princípio do mundo, no gênesis da matéria, vence a vida, não vence a morte, renasce no pranto, nos sorrisos nos adeuses.
          Vivo de partida, de saída, de chegada.

Obs: Texto retirado do livro da autora – A Morte Cega

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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