28 de junho de 2010
O menino tombou cambaleante.
Um silêncio inusitado pairou naquela calçada afolada.
Um círculo se formou imediatamente
como se o espetáculo do circo fosse começar.
Olhares curiosos procuravam dissecá-lo ainda vivo com milhares de interrogações.
Absolutamente ninguém ousou tocá-lo.
Um respiro profundo…
Os olhos arregalados…
As mãos trêmulas e vazias…
O corpo esguio suando frio…
Morreu em plena avenida.
Era apenas um candidato
à cidadania brasileira.
Que país é esse?
Que mata e abandona sua gente?
(S. Paulo 28.08.2004)
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
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