7 de junho de 2010
Pra quem gosta de tirar – de vez em quando – a ferrugem das engrenagens cucâneas, apresento aqui mais uma sugestão. Dessa vez é uma outra velha e desafiadora tríade que também teima em nos perseguir, ou seja, o dilema de se viver entre o mínimo, o médio e o máximo.
Do mínimo, não vou falar muito, pois, quando chegamos a ele é por uma necessidade evolutiva. E estando nele, só nos restam três opções: aniquilarmo-nos (a mais cômoda), fingirmo-nos de vítimas (a mais usual) ou iniciarmos o rumo de volta ao brilho da nossa estrela. (O que nem sempre é fácil).
O máximo – como a própria palavra já diz – é o sinônimo de tudo o que é ótimo, fantástico e maravilhoso. Mas, a ele, só chegam os abnegados e os loucos bons, estes que não aceitam a cangalha da sina de ser mais um “Maria vai com as outras”. E mesmo que passem a maior parte de suas existências nessa incansável busca, eles também chegam lá.
Mas, o grande e verdadeiro drama é a passagem do mínimo para o máximo, sem cair no fosso tentador, gratuito e anestesiante que é o médio. Sim, neste último geralmente caímos e nele ficamos (a maioria costuma passar o resto da vida) conformados com uma existência mediana em todos os sentidos.
Os medianos são aqueles que estão sempre satisfeitos. É o aluno medíocre que se agarra à média para passar de ano. O funcionário burocrático e pouco funcional, mas que não ousa abandonar o seu emprego. Aquela pessoa que namora uma outra só para não ficar sozinha. Pra resumir, são todos os médio-trabalhadores, os médio-políticos, os médio-artistas, os médio-professores e os médio-intelectuais, de onde só pode derivar o médio-pensamento e a média-ação.
Assim, no reino em que a mediocridade impera, aqueles que chegam ao máximo são perseguidos e taxados de diferentes, tendo que aprender a superar o riso, o deboche e o escárnio dos medianos, só porque compreenderam que a média é nociva porque nivela a todos e não deixa espaço para o debate de idéias, fator primordial do progresso e do desenvolvimento humano.
Texto retirado do livro do autor – Surtos & Sustos
Obs: Imagem enviada pelo autor.