Sem pretender me arvorar em defensora do evolucionismo de Charles Darwin, mesmo porque não tenho conhecimento científico para tanto e, embora concorde, parcialmente, com as teorias científicas a respeito da sobrevivência dos mais capacitados física e mentalmente, entretanto, discordo totalmente das políticas de exclusão adotadas pelos mais fortes, ricos e poderosos contra os mais fracos, pobres e excluídos, cuja situação de desigualdade não é resultado de um determinismo biológico, mas de condicionamento determinado pelos sistemas econômicos predominantes através dos tempos.
Sob esse prisma, é possível fazer-se um paralelo com a atual realidade econômica mundial, tomando como exemplo, a situação particular da Europa, abalada por uma crise econômica que vem se refletindo com mais intensidade em países como a Irlanda, a Grécia, a Espanha e Portugal, sendo atribuídos como fatores responsáveis pelo desmoronamento da economia européia, a especulação financeira que alimenta o capitalismo selvagem, ali atuante e o consumismo desvairado e predatório dos países europeus, resultante desse mesmo sistema.
Na minha modesta opinião de leiga em economia, em filosofia e em ciências da evolução e da genética e em outras que tais, o grande responsável por toda essa mazela econômica e por via de consequência, também social, é o capitalismo da forma como é sistematizado no mundo, ou seja, impondo dependência dos países ao capital e à economia dos Estados Unidos. Assim, se os Estados Unidos estão indo à falência, o resto do mundo também está condenado, conforme vem acontecendo na rica e próspera União Européia. No capitalismo, o mercado é o termômetro para o mundo e o consumo é o ideal de vida capitalista.
Sabemos que é o capitalismo que está devastando o planeta. Sabemos que o capitalismo é o responsável pela existência de ricos e miseráveis. Sabemos que o capitalismo é responsável pela destruição dos princípios de igualdade e fraternidade, entre povos e nações, embora favoreça a liberdade ilimitada, especialmente aos costumes, transformando a própria liberdade em libertinagem perniciosa. Daí resulta que o capitalismo, em sua essência é mau, destruidor e deletério e eu não consigo entender porque um sistema tão maléfico tenha de ser mantido à custa de vidas humanas, de sacrifício para os povos e de desesperança, especialmente para a paz do mundo.
Diante da periclitante situação econômica, sinceramente, dói-me ver a Europa de cócoras perante os Estados Unidos, subordinada a esse sistema capitalista abominável, tornando-se complacente e permissiva com as pretensões armamentistas dos Estados Unidos, haja vista a autorização de países europeus para instalação de bases americanas em seus territórios. De que têm medo os europeus? O inimigo é exatamente o que se apresenta como amigo e aliado. Será que a União Européia desconhece a índole belicista, expansionista e imperialista dos americanos? Ou temem represálias, se contraditarem os discutíveis métodos políticos de dominação que são usados pelos Estados Unidos para se imporem perante o mundo?
Por outro lado, o presidente Barack Obama, que aparentemente representava uma esperança de paz e concórdia para as nações em conflitos permanenentes, bem como para o Ocidente, tem se revelado uma “bela bisca”, subserviente ao sistema direitista, autoritário, intervencionista e hegemônico, vigente no país que o elegeu. Isso se pode constatar, através das posições adotadas por ele em episódios recentes, tais como, no do acordo que o Brasil e a Turquia conseguiram com o Irã e mais recentemente, no massacre perpetrado contra a flotilha de ajuda humanitária aos palestinos da Faixa de Gaza.
Com que moral um país como os Estados Unidos que não só detem como já utilizou a tecnologia nuclear contra outros, a exemplo da bomba atômica jogada em Hiroshima e Nagasaki, quando a segunda guerra já estava praticamente terminada e dos milhares de mísseis sobre o Iraque, a despeito de a própria ONU e de toda a comunidade internacional afirmarem que Sadam Russein não possuia armas nucleares? Com que moral, se arvora em defensor da democracia e da paz, para proibir que outros países como o Irã, possam desenvolver tecnologia nuclear para seu próprio uso pacífico, como afirmam os iranianos? Que direito os Estados Unidos têm de proibir as pretensões pacíficas dos outros países? No caso do Irã, nada indica que aquele país vá desenvover a bomba atômica para atacar os vizinhos, ou seja, Israel, como é o pretexto dos americanos.
A propósito, transcrevo aqui o depoimento de Sônia Bonzi, escritora brasileira que viveu em vários países, inclusive no Irã, país sobre o qual faz a seguinte declaração: “O povo iraniano não começa uma guerra há mais de 200 anos. Eles não são belicosos. São diferentes de seus vizinhos. A instabilidade no Oriente Médio não é causada pelo Irã. Apesar da força que a imprensa, os governos, as corporações ocidentais fazem para denegrir a imagem do Irã, eu confesso que o Irã que eu conheci não é o que é descrito pela mídia ocidental. Não há favelas em Teerã, não há miseráveis pelas ruas. Minorias tem seus representantes no Congresso, judeus tem seus negócios, suas sinagogas, zoroastrianos tem acesa a chama em seus templos. A família é uma instituição valorizada. Refugiados palestinos e iraquianos são mantidos pelo governo e pelo povo iraniano, que lhes oferece abrigo, alimento e escolas…”
Como se vê, a verdade de quem viveu no Irã é diferente da verdade de quem tem interesse em invadir e destruir aquele país.
Para os Estados Unidos, o Irã é o alvo da vez, pois o governo americano quer, de toda forma, forjar um motivo para invadí-lo. Mal o acordo administrado pelo Brasil e a Turquia foi realizado, já a secretária de estado americana, Hilary Clinton, qual ave agoureira, começou sua peregrinação destrutiva contra a possibilidade de paz com o Irã. E, logo a Inglaterra, a França, a Rússia e até a China viraram a casaca e apoiaram a profetisa americana do armagedon. Parece que o país Estados Unidos, necessita sempre de um inimigo para afirmar seu poderio ou até para intimidar os demais países e, embora, atualmente, aquele país, não esteja “com essa bola toda”, por causa da decadência econômica, todavia a Europa e até a China comunista seguem-lhe os conselhos.
E a ONU, para que serve? Só para enfeite e prestígio de quem consegue dela participar. É uma vergonha e até um desprestígio para a ONU que dois países, um emergente do terceiro mundo, o Brasil, o outro do oriente, a Turquia, terem conseguido um acordo que se aceito pelos países poderosos, que nunca tentaram essa importante proeza diplomática, poderia lançar as bases de paz no Oriente Médio.
Outra vergonha que desafia até a sensatez da humanidade, é Israel ter atacado, barbaramente, uma pequena frota de ajuda humanitária, desarmada e organizada por ativistas de diversos países para auxílio aos palestinos da Faixa de Gaza, que sofrem bloqueio de Israel e não têm acesso a remédios, médicos, alimentos e até à água. Foi um crime de lesa humanidade, que brada contra a natureza, pois atentou contra a sobrevivência dos milhares de palestinos habitantes da Faixa de Gaza.
Como é possível a comunidade internacional permanecer inerte e permitir que Israel continue a bloquear o acesso de ajuda humanitária para sobrevivência das pessoas de outro país? Isso os Estados Unidos não proíbem, pelo contrário, até de certa forma, estimulam na medida em que não tomam nenhuma providência coercitiva para barrar a sanha invasiva dos israelenses na Faixa de Gaza, pois é sabido que Israel conta com o apoio e a complacência dos Estados Unidos, para massacrar os palestinos e invadir seu sáfaro e exíguo território. O que as televisões internacionais mostraram, em pleno e doloroso conflito, que provocou mortes, deixou feridos e prisioneiros, foi o presidente Barack Obama, descontraidamente, divertindo-se numa festa em sua homenagem na Casa Branca. E os palestinos que continuem sem terra, sem esperança e sem paz.