Laudi Flor 29 de junho de 2010

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O mês era junho, lembro que a vi no aeroporto de Guarulhos-SP, elegante, bem vestida, terninho azul, cabelo preso na nuca, maquiagem discreta, eu diria que seu traje estaria politicamente correto. Chorava copiosamente. No meio de um entra e sai de pessoas, uma multidão procurando um destino e a solução pra seus próprios problemas, chorava um choro doído, com sentimento, chorava por que queria se afogar na amargura de um acontecimento que eu não conhecia, chorava porque a melhor forma de aliviar a dor é deixando as lágrimas rolarem na face, fiquei tão tocada com a cena que não tive alternativa senão me aproximar e perguntar se precisava de ajuda. Ela sacudiu a cabeça negativamente e se afastou.

Fiquei imaginando se a dor sentida por aquela jovem era proveniente do mal de amor, aliás, não existe nada mais dolorido que final de relacionamento, tantas perguntas sem respostas, tantas respostas sem perguntas, versos rasgados e tantas cartas escritas prá ninguém.

Entre possíveis motivos: doença em família, acidentes, reprovação em Curso, demissão… Imaginei uma paixão avassaladora dessas que a gente só vê em filme antigo na TV, um tórrido caso de amor não correspondido, uma palavra cortante dita na hora errada. Não, não poderia ser outro motivo, porque havia ressentimento em seu olhar, mágoa em seu choro, peso em seu caminhar.
Fiquei sentada aguardando minha chamada e observando-a.Durante o tempo em que esperava as vezes dava um intervalo, uma trégua pra si mesma, levantava,caminhava, pensava e logo depois, voltava a chorar.
Desejei que sua chamada fosse antes da minha, que pudesse chegar depressa ao seu destino e concluisse que as suas lágrimas esgotaram seus limites.Desejei que sua mãe estivesse aguardando na porta de casa para lhe oferecer o colo amigo, por fim desejei que dias melhores sobreviessem.
Nunca mais a vi!

Obs: Imagem enviada pela autora.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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