O intervalo não muda o placar do jogo, todos o sabemos. Mas muitas vezes é no intervalo que se pode mudar o rumo da partida, por alterações na estratégia coletiva, e até por mudanças na escalação dos atletas.
Agora estamos vivendo, na verdade, um grande intervalo coletivo, pela atenção prioritária que é dada, de maneira nacional, ao andamento da copa do mundo na África. E logo depois teremos outro intervalo, resultante das distrações produzidas pela campanha eleitoral.
O certo é que entramos num período em que o placar da vida continuará do mesmo jeito, mas será tempo oportuno para refletir sobre as providências a tomar para garantir que o grande jogo da vida nacional possa dar certo. E´ urgente, em outras palavras, pensar num projeto de Brasil que nós queremos, escalando prioridades estratégicas, e estabelecendo com clareza metas indispensáveis para guiar a ação coletiva que garanta nossos futuro como nação com as responsabilidades que as circunstâncias naturais e históricas nos impõem.
Não sabemos quem será o campeão nesta copa da África. Mas com certeza, a vitória final levará as marcas do plano coletivo posto em prática pela equipe vencedora.
A necessidade de um plano, que leve em conta as excepcionais condições oferecidas pela natureza, mas também os desafios que ainda aguardam solução, se torna cada vez mais urgente, sob o risco do Brasil perder a grande oportunidade histórica que o contexto mundial lhe proporciona.
Para definir este plano, algumas referências são indispensáveis, e precisam ser colocadas à mesa com evidência.
Uma delas, que ultimamente vem emergindo com contundência, é a dimensão ecológica. Para alcançarmos o crescimento necessário, não podemos comprometer o equilíbrio ambiental, ainda mais diante das responsabilidades do nosso país em relação ao mundo.
Em termos estratégicos, outra referência imprescindível é a educação. Sem uma educação de qualidade, não se assimilam os avanços tecnológicos, e não se sustentam os valores que precisam presidir a vida pública. Está mais do que na hora de se empreender um grande esforço para colocar os benefícios da educação ao alcance de todos os brasileiros.
Como desafio, é imprescindível uma adequada estratégia para diminuir, e aos poucos suprimir, as injustas desigualdades sociais e regionais. Um verdadeiro projeto de país precisa contemplar o conjunto dos cidadãos, evitando que o crescimento seja feito às custas dos mais fracos e em benefício dos privilegiados.
Em todo o caso, é bom aproveitar este tempo de intervalos, que se apresentam à nossa frente neste ano. Pois somos convidados, desta vez mais que em outras eleições, a escolher para o país um plano de desenvolvimento, que corresponda às reais possibilidades do nosso país. E em função deste plano, decidir nosso voto.
Na copa, já caíram fora países que possuíam algum craque excepcional, mas que não conseguiu resolver o jogo sozinho. Para o Brasil também, não basta escalar um craque excepcional, e achar que ele resolve tudo por conta própria.
É preciso ter um bom plano. Assim é no esporte. Muito mais na administração de um país do tamanho do Brasil.
Para votar com responsabilidade, será necessário observar bem quem apresenta o melhor plano para o Brasil que nós queremos. E conferir quais são as garantias de que este plano possa ser executado com êxito.